Desmatamento na Amazônia dispara e futuro da floresta está ameaçado.

Entenda os motivos Ações ilegais de grileiros, madeireiros e garimpeiros cresceram em áreas protegidas enquanto a revisão do Código Florestal era discutida em Brasília.

FOTO DE GEORGE STEINMETZ/IMAGEM CEDIDA POR GEORGE STEINMETZ
Fumaça de vegetação queimada encobre árvores da Amazônia em Mato Grosso. Enquanto deputados discutiam o relaxamento da legislação ambiental em Brasília, o desmatamento da floresta disparou no mês de maio.

A escola e o posto de saúde da aldeia Pankararu, em Pernambuco, foram incendiados em novembro e dezembro de 2018. Nos primeiros dias de 2019, madeireiros ocuparam a terra indígena Arara (TI), no sudoeste do Pará. Na madrugada de 11 de janeiro, a aldeia Mbyá-Guarani foi atacada a tiros por homens que deram um prazo de cinco dias para os índios deixarem sua aldeia em Ponte do Arado, Porto Alegre (RS), caso contrário seriam mortos. De janeiro a abril, cerca de mil grileiros invadiram a TI Uru-Eu-Wau-Wau, em Rondônia. A Fundação Nacional do Índio (Funai) anunciou a reabertura de três bases na TI dos yanomami, yek’wana e povos isolados, após pedido das lideranças diante da ameaça de centenas de garimpeiros que se apossaram ilegalmente de porções da TI em Roraima e no Amazonas. Sob a mesma ameaça encontra-se o povo awá-guajá, no norte do Maranhão.

“Esses ataques têm aumentado em todos os sentidos: na mineração, na exploração ilegal de madeira, na ocupação da terra por grileiros”, observa Sonia Guajajara, coordenadora-executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). “É um momento bem perigoso, porque a política ambiental e indigenista como um todo está sendo duramente destruída.”

Sonia vive na TI Arariboia, um dos últimos refúgios da Amazônia no Maranhão. Lá, os povos da região também estão em constante ameaça de madeireiros ilegais e de queimadas. Em agosto de 2018, o cacique Jorginho Guajajara foi assassinado. Para Sonia, os órgãos de fiscalização agem pontualmente e inibem a ação dos invasores apenas durante as operações. “Quando as equipes saem, todo mundo volta e aumenta ainda mais o conflito, porque eles ficam muito raivosos, querendo culpar os indígenas.”

Produtores rurais desmatam pedaço da floresta para cultivo de milho e soja no Mato Grosso. Violência contra indígenas veio acompanhada de uma disparada no desmatamento da Amazônia.

A escalada de invasões e violência nas TIs se dá em um contexto de alta do desmatamento em áreas protegidas da Amazônia Legal, conforme dados do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real, divulgados em 10 de junho. Esse sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 739,68 km2desmatados na Amazônia Legal em maio – maior taxa desde 2016 e área equivalente à cidade de Goiânia. Outros 1.102,57 kmforam degradados. No mesmo mês em 2018, 550,2 km2 haviam sido derrubados.

Por: NATIONAL GEOGRAPHIC

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