PF conclui que autor do atentado a Bolsonaro agiu sozinho
Polícia Federal deve pedir mais 15 dias para apresentar relatório do caso à Justiça Federal.
Depois de encerrado este primeiro inquérito, a polícia deverá abrir uma nova investigação para aprofundar ainda mais a apuração do caso. Mesmo sem indicativos claros de mandantes ou participação de terceiro, a polícia pretende esgotar todas as hipóteses para não deixar nenhuma margem de dúvida sobre as circunstâncias e as responsabilidades pela tentativa de assassinato do candidato à Presidência. Para investigadores e pessoas próximas ao caso, o segundo inquérito seria mais uma medida de cautela da polícia contra eventuais críticas que propriamente uma necessidade.
Foto:Portal N10
O resultado das investigações converge com a versão apresentada desde o primeiro depoimento por Adélio. Ele agiu por conta própria motivado por divergências políticas com Bolsonaro. Num novo depoimento, prestado na segunda-feira, Adélio repetiu que esfaqueou o candidato por causa de “divergências ideológicas” entre os dois, segundo disse ao GLOBO uma fonte. Para chegar à conclusão sobre a inexistência de um mandante, a equipe de inteligência da polícia fez uma devassa nos dois últimos anos da vida de Adélio.
Policiais vasculharam computadores, dados armazenados em celulares, contatos telefônicas, redes sociais, contas bancárias e relações pessoais, entre outros aspectos da movimentação de Adélio. Mais de dez policiais, considerados altamente qualificados, foram destacados para levantar informações e checar detalhes mínimos do caso.
A polícia pediu duas semanas de prazo para concluir quatro laudos, que ainda estão sendo preparados. Outros cinco laudos já estão prontos. Os laudos a serem fechados conteriam detalhes técnicos que não devem afetar as conclusões preliminares. O resultado da apuração, ainda que o caso continue em andamento, esvazia em parte a teoria da conspiração política alimentada por alguns dos auxiliares mais próximos de Bolsonaro, sobretudo logo nos primeiros dias depois do crime.
Foto:Paraná Onlin
Adélio esfaqueou Bolsonaro na tarde de 6 de setembro, quando o candidato era carregado nos ombros de apoiadores durante uma caminhada em Juiz de Fora. Ele foi preso em flagrante e, em depoimento à Polícia Federal, confessou o crime. Mais tarde, advogados disseram que ele tem problemas psiquiátricos. Investigadores reconhecem a existência de supostos distúrbios, mas entendem que os problemas não seriam suficientes para reduzir a gravidade do crime ou a responsabilidade do autor no atentado.
POR JAILTON DE CARVALHO