Sepultamento de Herus Guimarães Mendes da Conceição foi marcado por comoção e revolta.Reginaldo Pimenta / Agência O Dia

 
 
Rio – Peritos do Ministério Público do Rio (MPRJ) realizaram uma perícia independente no corpo de Herus Guimarães Mendes da Conceição, de 24 anos. O jovem morreu ao ser baleado em um tiroteio em uma festa junina, no Morro do Santo Amaro, no Catete, Zona Sul. O confronto aconteceu durante uma ação emergencial do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na comunidade. 
 
O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), mas o procurador-geral de Justiça, Antonio José Campos Moreira, determinou a perícia do MP para “garantir uma apuração técnica isenta”, paralela à oficial. Os peritos do órgão realizaram, no sábado (7), escaneamentos tridimensionais para mapear com precisão os vestígios e lesões, utilizando recursos digitais que permitem a elaboração de laudos interativos, para que se possa configurar a dinâmica dos fatos.
 
Os trabalhos foram realizados por técnicos da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ) e da Coordenadoria de Inteligência da Investigação (CI2/MPRJ), além de por integrantes da Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia (DEDIT/CI2) e do Grupo de Apoio Técnico Especializado (GATE/MPRJ).
 
“O MPRJ acompanha desde os primeiros momentos o fato ocorrido no Morro Santo Amaro, com promotores de Justiça, perícia independente e equipamentos especiais. A instituição reafirma o compromisso de exercer o controle externo da atividade policial, a apuração dos fatos e a responsabilização de quem de direito”, afirmou o procurador-geral de Justiça. 
 
Além da perícia, o Ministério Público requisitou à Polícia Militar a preservação das imagens das câmeras corporais utilizadas na ação. À Corregedoria da PM, o órgão pediu esclarecimentos sobre os objetivos, procedimentos e impactos da operação, além do envio de todo o material coletado, incluindo registros audiovisuais. Já à Polícia Civil, foi solicitado acesso de peritos do MP ao Instituto Médico Legal (IML) para acompanhar os exames de necropsia da vítima.

A ação emergencial que provocou a morte de Herus e deixou outros cinco baleados foi “previamente comunicada pelas forças de segurança” ao MP. Segundo a PM, o Batalhão atuava para verificar a presença de criminosos fortemente armados, se preparando para uma possível investida de rivais. A corporação disse que bandidos atiraram contra os militares na região onde ocorria o evento, mas eles não revidaram. Entretanto, “em outro ponto da comunidade, os criminosos atacaram as equipes novamente, gerando confronto”.

 
 
Neste domingo (8), o governador Cláudio Castro exonerou os comandantes do Comando de Operações Policiais Especiais (COE), André Luiz de Souza Batista, e do Bope, Aristheu de Góes Lopes. Segundo informações, eles autorizaram a realização da ação durante a festa na comunidade. Além disso, também foram afastados preventivamente do serviço nas ruas, até o esclarecimento dos fatos, os policiais envolvidos na operação.
 
Família acusa PM por omissão de socorro
 
No sepultamento, na tarde de domingo (8), no Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul, os pais de Herus acusaram a Polícia Militar por omissão de socorro. Segundo eles, o jovem foi atingido por um tiro de fuzil na barriga e caiu, próximo à padaria onde comprava um lanche. Em seguida, ele teria sido arrastado pelos PMs e jogado em uma escadaria. Os policiais também teriam colocado uma grade para impedir que pessoas se aproximassem e se referiram ao jovem como “o vigia caiu”.
 
O jovem chegou a ser levado por moradores em estado grave para o Hospital Glória D’Or, mas acabou morrendo. Herus era office-boy de uma imobiliária e deixa um filho de 2 anos. Familiares cobraram respostas das autoridades sobre a morte da vítima. Após o enterro, houve um protesto, que cheogu a ser interrompido por um homem que fez disparos de dentro de um carro e tentou fugir em seguida. O veículo acabou sendo cercado e PMs alcançaram o homem.