Trump agora diz que Putin pode estar enrolando ele.
Para marcar posição, Putin promoveu os maiores ataques aéreos da guerra no domingo (25) e na segunda (26), só para ver Trump dizer que ele “tinha ficado completamente louco”.

© Anna Moneymaker/Getty Images

De forma cautelosa e mantendo a porta aberta para a aproximação que propôs ao Kremlin, Donald Trump subiu pela terceira vez o tom nesta semana contra o presidente Vladimir Putin, dando uma semana para o russo provar que não o está enrolando acerca das negociações de paz com a Ucrânia.
O prazo em si parece farsesco: nesta mesma quarta (28), o governo russo disse que enviou para Kiev uma sugestão de local e data para a segunda rodada de conversas diretas entre os rivais, na próxima segunda (2) em Istambul.
Falando a repórteres no Salão Oval, Trump disse estar “decepcionado” com o andamento da guerra, que ganhou uma cara ainda mais feia neste fim de semana. Putin ordenou os mais pesados ataques aéreos contra a Ucrânia, retaliando uma onda intensa de drones lançados na Rússia por Kiev.
“Vamos descobrir se ele está ou não nos enrolando e, se estiver, vamos responder de forma um pouco diferente”, afirmou o presidente, deixando aberta a porta, para exasperação dos ucranianos e de seus aliados europeus, que cobram mais sanções imediatas dos Estados Unidos contra a Rússia.
Para marcar posição, Putin promoveu os maiores ataques aéreos da guerra no domingo (25) e na segunda (26), só para ver Trump dizer que ele “tinha ficado completamente louco”. O Kremlin deu de ombros, irritando o americano, que na terça (27) admoestou o colega russo, dizendo que ele estava “brincando com fogo”.
Nesta quarta, o porta-voz de Putin, Dmitri Peskov, comentou a frase do americano e disse que seu chefe apenas defende os interesses nacionais. Já um dos negociadores da crise, o assessor presidencial Iuri Uchakov, afirmou que Trump “não está totalmente informado” acerca do conflito, confirmando o estremecimento na aproximação promovida pela republicano.
Tudo indica que Istambul será o palco das conversas. Trump havia sugerido o Vaticano, mas Moscou descartou com a desculpa de ser uma sede católica para rivais ortodoxos. Zelenski falou nesta quarta que Turquia, Suíça e Malta são candidatos.
Nos primeiros encontros diretos desde 2022, realizados na cidade turca há duas semanas, foi acertado que ambos os lados iriam entregar suas propostas para um memorando conjunto.
Os ucranianos, segundo disse sem detalhar o enviado americano ao país, Keith Kellogg, já entregaram sua parte. Já o chanceler russo, Serguei Lavrov, disse que a delegação de seu país fará o mesmo na segunda.
Dessa movimentação diplomática também gerou a maior troca de prisioneiros da guerra, mil de cada lado, finalizada no domingo passado (25), enquanto os mísseis e drones eram disparados por ambos os rivais. A invasão russa da Ucrânia completou três anos em fevereiro passado.
O porta-voz do Kremlin disse que um eventual encontro direto entre os presidentes rivais é algo ainda fora de cogitação, que dependeria de conversas e acertos. Já Zelenski afirmou que aceita encontro direto ou tripartite, com Trump à mesa.
O americano disse que fará isso “se for necessário”. “A essa altura, estamos trabalhando com o presidente Putin e vamos ver onde estamos… Eu não gosto do que está acontecendo”, disse.
Desde que voltou à Casa Branca, em janeiro, Trump deu um cavalo de pau na política americana de apoio a Kiev, aproximou-se de Putin, com quem conversou ao telefone por três vezes, e forçou Zelenski a negociar perdas territoriais pela paz.
Aqui e ali se queixa do russo, mas é incerto se ele manteria a ajuda militar a Kiev caso se retire das negociações, o que na prática favorece a Rússia.
Por Folhapress
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