Embaixador da Palestina chora ao falar de mortes de crianças em Gaza. Vídeo: Confiram o desespero humano contra a fome:
“Dezenas de crianças estão morrendo de fome. As imagens de mães abraçando seus corpos imóveis, acariciando seus cabelos, falando com eles, pedindo desculpas…”, disse Mansour, embargando a voz, em reunião do Conselho de Segurança da ONU.

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Em discurso forte e emocionado, o embaixador da Palestina na ONU, Riyad Mansour, chorou nesta quarta (28) ao falar sobre a morte de crianças na Faixa de Gaza. Segundo ele, mais de 1.300 crianças palestinas perderam a vida e outras 4.000 foram feridas desde que Israel encerrou um frágil cessar-fogo, em março.
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“Dezenas de crianças estão morrendo de fome. As imagens de mães abraçando seus corpos imóveis, acariciando seus cabelos, falando com eles, pedindo desculpas…”, disse Mansour, embargando a voz, em reunião do Conselho de Segurança da ONU.
“É insuportável…como alguém pode?”, emendou, batendo na mesa com a mão direita. Ele chorou e teve de interromper seu discurso.
Em seguida, com a mão sobre a testa, Mansour afirmou que a situação dos palestinos está “além da capacidade de qualquer ser humano normal de tolerar”. “Eu tenho netos. Eu sei o que eles significam para suas famílias.”
A guerra provocou uma tragédia humanitária em Gaza, e o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, tem sido cada vez mais pressionado para interromper as ofensivas no território.
Na terça (27), o jornal Haaretz publicou que militares do Estado judeu preparam uma carta aberta para dizer que a guerra se tornou imoral e deve acabar. O documento, apresentado a militares em serviço e da reserva, já recebeu mais de 1.200 assinaturas, afirmaram à publicação os organizadores da iniciativa.
Diversos países, incluindo aliados de Israel, pedem pelo estabelecimento de um novo cessar-fogo. A última ação do tipo começou em 19 de janeiro e durou quase dois meses. No dia 18 de março, porém, Israel rompeu a trégua e voltou a atacar Gaza após divergências com o Hamas sobre as fases seguintes do acordo.
O governo de Netanyahu ainda impôs um bloqueio sobre a entrada de ajuda humanitária em Gaza, o que agravou a crise em um território já devastado.
Na semana passada, após forte pressão, Israel afrouxou parcialmente o bloqueio, permitindo a entrada de alguns caminhões de agências internacionais em Gaza, incluindo veículos do Programa Mundial de Alimentos com farinha para padarias locais. Mas a quantidade de mantimentos que entrou no território palestino tem sido apenas uma fração dos 500 a 600 caminhões que, segundo a ONU, seriam necessários diariamente.
Com o pequeno fluxo de ajuda retomado, as forças israelenses -agora controlando grande parte de Gaza- continuam fazendo ataques a alvos diversos. Ao menos 3.900 palestinos foram mortos desde que o cessar-fogo foi rompido em março, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
No total, mais de 54 mil palestinos já morreram desde a ofensiva de Israel em resposta aos ataques terroristas de 7 de outubro de 2023, segundo autoridades de saúde de Gaza.
Por Folhapress
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