Trama golpista: STF ouve delegados da PF e ex-ministro de Bolsonaro.
Nomes foram indicados pela defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres no processo que investiga uma suposta trama golpista.

O primeiro a depor foi o chefe de repressão a crimes eleitorais na Polícia Federal (PF), Fabricio Rocha, às 14h45. Ele destacou a participação efetiva da corporação nos processos eleitorais. “Estou há 18 anos no departamento e, desde que entrei, a PF sempre participou ativamente, de movo ostensivo, no 1º e no 2º turno”, destacou.
Em seguida, prestou esclarecimentos o delegado e ex-diretor-geral da PF Marcio Nunes. Ele confirmou que Anderson Torres pediu ação de fiscalização no 2º turno com o mesmo ímpeto do 1º: “Pediu para não esmorecer”.
Moretti negou que houvesse qualquer tipo de policiamento direcionado ou reforçado nas eleições de 2022. “Da minha parte, das reuniões que participei relativas às questões das eleições, nunca ouvi essa expressão ‘policiamento direcionado’”, reforçou.
Por volta das 15h30, depôs Victor Veiga Godoy, ex-ministro da Educação do governo Bolsonaro, seguido por Cintia Queiroz de Castro, coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e ex-integrante da SSP.
A coronel afirma que, se o protocolo de segurança tivesse sido seguido à risca, não teria havido problemas no 8 de Janeiro.
Outro que dará esclarecimentos é o delegado Leo Garrido de Salles, que responde às perguntas na condição de investigado — semelhante ao caso dos delegados Djairlon Henrique Moura e Caio Rodrigo Pellim. Ele tem o direito de não produzir provas contra si. Ou seja, não é obrigado a dizer a verdade e pode ficar em silêncio caso quiser.
Veja as testemunhas de Torres previstas para 27 de maio, a partir das 14h:
Thiago Andrade;
Fabricio Rocha;
Marcio Nunes, delegado e ex-diretor-geral da Polícia Federal (PF);
Leo Garrido de Salles, delegado da PF;
Alessandro Moretti, delegado da PF;
Marcos Paulo Cardoso, delegado da PF;
Victor Veiga Godoy, ex-ministro da Educação do governo Bolsonaro; e
Cintia Queiroz de Castro, coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e ex-integrante da SSP.
Papel de Anderson Torres
Ao denunciar Anderson Torres, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que o ex-secretário de Segurança do Distrito Federal integrou uma organização criminosa desde junho de 2021.
De acordo com a acusação, o grupo, que seria liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), teria atuado nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e “utilizou violência e grave ameaça com o objetivo de impedir o regular funcionamento dos Poderes da República e depor um governo legitimamente eleito”, descreveu o PGR.
O primeiro indício da participação de Torres na suposta trama, segundo Gonet, remonta a uma live de Bolsonaro em 2018, na qual o então ministro “contribuiu para a propagação de notícias inidôneas sobre o sistema eletrônico de votação”.
Com relação especificamente aos atos do 8 de Janeiro, Gonet apontou que Torres e outros integrantes das forças de segurança “revelaram descumprimento deliberado do dever que se lhes impunha, no âmbito das suas responsabilidades na segurança pública, de prevenir exatamente as barbaridades ocorridas”.
“A gravidade das informações que deixaram de ser compartilhadas confirma que houve omissão dolosa dos garantes da ordem pública, em prol do plano disruptivo da organização criminosa. Não cumpriram os deveres inerentes à responsabilidade de evitar os eventos danosos”, declarou o procurador-geral.
Anderson Torres nega todas as acusações.
Por: Manoela Alcântara/Pablo Giovanni
Metrópoles