Glenn recorda assessor de Moraes falando em “pegar Eduardo”.
Jornalista relembrou reportagem que mostra troca de mensagens do gabinete do ministro.

Após o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciar sua permanência nos Estados Unidos, o jornalista Glenn Greenwald publicou em sua conta no X uma reportagem, que fez em agosto de 2024, expondo que os principais assessores de Alexandre de Moraes teriam conversado sobre como o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) pretendia tornar o parlamentar um de seus alvos.
Publicada na Folha de S.Paulo, a matéria intitulada Moraes escolhia alvos e pedia ajustes em relatórios contra bolsonaristas, mostram mensagens exibe conversas entre o gabinete do ministro e o órgão de combate à desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), à época em que Moraes presidia a Corte.
O conteúdo vazado apontou que, em diversos casos, os investigados eram escolhidos a dedo pelo próprio ministro ou por um juiz assessor. Também mostraram que os relatórios sofriam modificações quando não estavam do gosto do magistrado para embasar suas ações.
– Ele quer pegar o Eduardo Bolsonaro. A ligação do gringo com o Eduardo Bolsonaro – diz Vargas na mensagem enviada a Tagliaferro.
– Será que tem [ligação]? – perguntou o interlocutor.
Posteriormente, Tagliaferro cita um vídeo de Eduardo com a bandeira de um jornal que propagou as falas de Cerimedo.
– Que beleza – respondeu Vargas.
A postagem de Glenn relembrando a matéria foi feita em uma publicação de Eduardo, na qual o deputado replica uma fala do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No texto, o ex-chefe do Executivo fala sobre a “obsessão de Moraes com Eduardo” ter sido revelada pela “corajosa reportagem de Glenn Greenwald que expôs os bastidores da censura no Brasil”.
Em vídeo publicado em suas redes sociais, o deputado revelou que vai se licenciar de seu cargo na Câmara dos Deputados para permanecer nos Estados Unidos a fim de lutar por sanções contra “os violadores de direitos humanos” no Brasil, em especial Moraes, a quem citou nominalmente.
– Irei me licenciar sem remuneração para que possa me dedicar integralmente e buscar as devidas sanções aos violadores de direitos humanos. Aqui poderei focar em buscar as justas punições que Alexandre de Moraes e sua Gestapo [referência à polícia secreta da Alemanha nazista] da Polícia Federal merecem. Acharam que iam me chantagear com os benefícios e regalias do cargo, não poderiam errar mais miseravelmente. Abro mão de cabeça erguida de toda essa pompa para seguir firme na minha missão de trazer justiça para todos os tiranos – declarou.
Depois do anúncio, o ministro Alexandre de Moraes rejeitou um pedido do Partido dos Trabalhadores (PT) para apreender o passaporte de Eduardo. Ao decidir a questão, Moraes seguiu o posicionamento do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que foi contrário à abertura de uma investigação contra o parlamentar.
O pedido que visava Eduardo partiu do deputado federal e líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), que acusou o político de direita de ter cometido crimes contra a soberania nacional.