RJ tem 249 traficantes de outros estados foragidos em favelas.
Líderes do tráfico são abrigados em estruturas nas comunidades cariocas.

Em meio à guerra contra a criminalidade, o Rio de Janeiro tem atualmente ao menos 249 pedidos de auxílio ativos de outros estados para a captura de líderes do tráfico de outras unidades da federação que estariam escondidos em favelas da Região Metropolitana do Rio. O número consta em uma reportagem publicada nesta segunda-feira (17) pelo jornal Folha de S.Paulo.
Segundo investigadores, um dos procurados seria Emílio Carlos Gongorra Castilho, o Cigarreira, apontado como o mandante da morte de Antônio Vinícius Gritzbach, delator do PCC morto a tiros no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, em novembro do ano passado. No Rio, Emílio teria sido visto no baile funk da Selva, que acontece no Complexo da Penha, na Zona Norte da capital fluminense.
Atualmente, os estados com maior número de pedidos de auxílio são Goiás, com 53; Pará, com 35; e Bahia, com 33. Os números foram obtidos pela Folha com a Polícia Civil do Rio de Janeiro. Os policiais ressaltam que, nas favelas, os foragidos encontram estruturas de luxo com direito a piscina, sauna e academia.
– Só a atuação das nossas polícias não basta. Tenho levado a Brasília propostas voltadas ao fortalecimento da segurança pública, incluindo o endurecimento das leis penais contra o crime organizado, maior autonomia para que os estados legislem sobre segurança, reforço no controle de fronteiras e revisões na Lei de Responsabilidade Fiscal – apontou.
Outra questão com a qual governo do Rio de Janeiro conta para tentar solucionar o problema é a suspensão da ADPF 635, que deve voltar a ser julgada no Supremo Tribunal Federal (STF) no próximo dia 26 de março. A polícia fluminense aponta que as facções expandiram os territórios desde que, em 2020, durante a pandemia, a Suprema Corte adotou medidas para regular ações policiais em comunidades.
O subsecretário de planejamento e integração operacional da Polícia Civil do Rio, delegado Carlos Oliveira, aponta ainda que um fator que inicialmente influenciou a migração de criminosos é a disputa entre o PCC e o CV, que começou em 2016, com a morte do traficante Jorge Rafaat Toumani, que teria sido planejada pelo PCC.
Apesar da rivalidade, um relatório do Ministério da Justiça apontou, em fevereiro, uma possível ação conjunta entre os dois grupos, que incluiria um pacto de não agressão. A fuga de Cigarreira para a Penha teria acontecido nesse contexto. Oliveira diz que a geografia do Rio, com vários morros, também é um atrativo para que aconteça a fuga para a capital fluminense.
Por: Paulo Moura
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