HTS: Grupo que liderou derrota de Assad é dissidente da Al Qaeda.

Hayat Tahrir al-Sham é chefiado pelo comandante militar Abu Mohammad al-Jolani.

Abu Mohammad al-Jolani Foto: Frame de vídeo / YouTube / Al Jazeera English

Após 24 anos no poder, o aparentemente invencível ditador da Síria, Bashar al-Assad, foi derrotado por uma insurreição que se levantou no fim de novembro e que, em cerca de duas semanas, foi capaz de tomar diversas cidades-chave do país, chegando finalmente à capital Damasco, quando a queda do regime se concretizou. Mas afinal de contas, quem são os responsáveis por destituir o governo da família Assad, que se perpetuava há mais de 50 anos?

Os rebeldes que se levantaram contra Bashar al-Assad são provenientes de diferentes grupos, no entanto, o principal deles é o Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que em português é conhecido como Organização para a Libertação do Levante. A facção, que é considerada terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia, é dissidente da Al Qaeda.

O fundador do HTS chama-se Abu Mohammed al-Golani, que iniciou sua trajetória como lutador juntando-se à Al Qaeda na guerra contra os EUA no Iraque. Al-Golani retornou à Síria durante a guerra civil no país, criando a afiliada da Al Qaeda na nação síria, Jabhat Al Nusra.

Com o passar do tempo, a Nusra se tornou a mais poderosa facção a rivalizar com Assad. Entretanto, ela resolveu romper seus laços com a Al Qaeda em 2016 devido a diferenças ideológicas.

A partir daí, a Nusra passou a se chamar Hayat Tahrir Al-Sham (HTS), como conhecemos hoje. Embora al-Golani tenha tentado se desvincular de suas origens na Al Qaeda, seu novo grupo também foi designado como terrorista pelos EUA em 2018. O país ainda pôs uma recompensa por al-Golani no valor de 10 milhões de dólares (R$ 61 milhões).

Apesar de ter sido a principal força de oposição a Assad, a coligação que derrubou o ditador neste domingo é também formada por outros grupos islâmicos e moderados que resolveram deixar as diferenças de lado para derrotar o governo.

Agora que o regime foi deposto, resta saber que tipo de governo o substituirá. O HTS defende que seja estabelecido um regime islâmico, enquanto há outros que querem uma administração secular. Até os próximos passos serem estabelecidos, as instituições sírias ficarão sobre a supervisão do atual primeiro-ministro do país, Mohammad Ghazi al-Jalali.

Por: Thamirys Andrade

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