Abstenção em São Paulo foi maior que votos recebidos por Boulos
Quarenta e dois por cento dos eleitores não votaram em nenhum dos dois candidatos no segundo turn
Ricardo Nunes (MDB) foi reeleito prefeito de São Paulo neste domingo (27), em votação que teve abstenção recorde. A capital registrou neste ano o maior índice de ausência em um segundo turno desde a redemocratização: mais de 2,94 milhões de eleitores (31,54%) não foram às urnas.
O número supera a votação de Guilherme Boulos (PSOL), que recebeu pouco mais de 2,3 milhões de votos. Nulos e brancos somaram mais de 665 mil (10,42%), abaixo dos 879 mil registrados em 2020, o que significa que quase 42% dos eleitores não votaram em nenhum dos dois candidatos no segundo turno desta eleição.
Em 2020, na última disputa municipal em que houve segundo turno, entre Bruno Covas (PSDB) e Boulos, a abstenção registrada já havia batido um recorde, chegando a 30,81% – ou seja, 2,77 milhões de eleitores.
Na eleição de 2016, João Dória (PSDB) derrotou Fernando Haddad (PT) no primeiro turno com uma abstenção de 21,8%. No segundo turno da eleição de 2012, quando Haddad venceu José Serra (PSDB), o índice havia sido de 19,99%.
Em 2008, Gilberto Kassab (PSD) venceu Marta Suplicy (PT) com um índice de abstenção de 17,54%. E, em 2004, quando Marta foi derrotada por Serra, a ausência ficou em 17,55%. Para alguns analistas, o aumento da abstenção ao longo dos anos poderia indicar uma tendência de insatisfação com a democracia representativa. A menor abstenção desde a redemocratização foi registrada em 1988 (6,98%), na disputa em que Luiza Erundina (PT) ganhou de Paulo Maluf (PDS).
ABSTENÇÃO CRESCE EM SÃO PAULO
No primeiro turno, no dia 6, a 1ª Zona Eleitoral (Bela Vista), localizada na região central, registrou a maior abstenção da cidade, com 34,81% dos eleitores optando por não comparecer às urnas. Já a 397ª Zona Eleitoral (Jardim Helena), na Zona Leste, teve o maior comparecimento (75,72%).
As maiores abstenções nas quatro últimas eleições municipais foram registradas na 1ª Zona Eleitoral (Bela Vista) e na 3ª Zona Eleitoral (Santa Ifigênia), ambas a região central, e na 5 ª Zona Eleitoral (Jardim Paulista), na Zona Oeste. No primeiro turno de 2024, todas tiveram mais de 30% de abstenção.