Caso acontece após descoberta de que alguns órgãos doados estavam infectados com Aids.

Após a descoberta de que pacientes receberam órgãos com HIV no Rio de Janeiro, o Centro Estadual de Transplantes do Rio de Janeiro orientou todas as pessoas que foram submetidas a transplantes nos últimos meses e que apresentaram qualquer reação adversa a procurarem os médicos que realizaram seus respectivos procedimentos.

O objetivo é verificar se mais indivíduos foram infectados com o vírus da Aids em decorrência do erro. Até o momento, há a confirmação de que seis pessoas foram afetadas.

O escândalo aconteceu após o laboratório de Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS-Saleme) apresentar resultados negativos para o HIV em testes feitos nos doadores antes dos transplantes.

O primeiro sinal de que havia algo errado foi no último dia 10 de setembro, quando um paciente começou a se sentir mal nove meses depois de receber um coração. Ele buscou ajuda médica e passou por exames que indicaram que estava com HIV. Depois dele, outros cinco casos semelhantes foram identificados.

Investigações conduzidas pela Anvisa constataram que o laboratório em questão, contratado em caráter emergencial quando o Hemorio estava sobrecarregado em dezembro, apresentava diversas irregularidades. A clínica sequer tinha kits para realizar exames de sangue, e nem documentos que comprovam que eles compraram. Ou seja, há a suspeita de que os testes sequer tenham sido feitos, e que os resultados eram falsificados.

Além disso, as apurações apontam que um dos sócios da empresa é Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, primo do ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro Doutor Luizinho, que atualmente é deputado federal e líder do PP na Câmara. O laboratório Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS-Saleme) também tem como sócio Walter Vieira, que é casado com a tia do parlamentar.

A clínica foi contratada pelo governo do estado do Rio de Janeiro em 2022, quando Doutor Luizinho era secretário. Desde então, a empresa já recebeu quase R$ 20 milhões em pagamentos. Os dados são do Portal da Transparência.

– Conheço o Laboratório Saleme há mais de 30 anos, dirigido pelo Dr. Montano e posteriormente por seu filho Dr. Valter Viera (casado com a irmã da minha mãe, Ana Paula) e suas irmãs. Lamento veementemente o ocorrido, desejando ao fim das investigações punição exemplar para os responsáveis por esses gravíssimos casos de contaminação – disse Doutor Luizinho.