Seis transplantados receberam órgãos infectados com HIV, no RJ
Até 600 outras pessoas podem ter sido vítimas do problema, considerado inédito no Brasil.
Em acontecimento nunca antes registrado no Brasil, seis pessoas testaram positivo para o HIV, vírus da Aids, após receberem órgãos transplantados no Rio de Janeiro. De acordo com investigação conduzida pela Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) e pelo Ministério Público, dois doadores eram soropositivos, mas os exames de sangue feitos pela empresa PCS laboratórios, de Nova Iguaçu, na época das mortes, apresentaram resultados negativos para a doença.
As informações foram reveladas pelo diretor-geral de conteúdo do Grupo Bandeirantes de Comunicação e âncora da BandNews FM, Rodolfo Schneider. De acordo com ele, a primeira notificação do ocorrido foi no último dia 10 de setembro, após um paciente que recebeu um coração começar a se sentir mal nove meses após o transplante. Ele buscou um hospital e passou por exames que indicaram que estava com HIV. Depois dele, outros seis casos semelhantes foram identificados.
A doação de órgãos ocorre após a confirmação de morte encefálica por parte de doadores. Assim, a família é contatada e, posteriormente, os doadores passam por uma análise clínica para atestar que são aptos para ceder seus órgãos. O grupo PCS laboratórios foi contratado emergencialmente pela Secretaria Estadual de Saúde para fazer os exames, em dezembro do ano passado, em um momento em que o Hemorio se encontrava sobrecarregado.
Após a identificação do erro nos resultados, a Anvisa realizou uma fiscalização no laboratório e o interditou por encontrar diversas irregularidades não detalhadas. Segundo a apuração, a empresa possui contratos com o governo do Rio desde 2021, e recebeu R$ 11 milhões para realizar os procedimentos envolvendo transplantes.
O problema não para por aí: estima-se que, além dos seis pacientes já relatados, possa haver um total de até 600 pessoas que foram infectadas. No momento, 288 doadores estão sendo testados pelo Hemorio a fim de verificar se há mais casos de falso negativo para HIV.
O Rio de Janeiro realiza transplantes desde 1964 e até então não havia nenhum caso semelhante a esse.Centrais de transplantes ao redor do país fizeram reunião para debater medidas de segurança para evitar que situações como essa se repitam.
A secretária estadual de Saúde do Rio de Janeiro, Claudia Maria Braga de Mello, disse à BandNews FM que entrou em contato com outros órgãos de saúde estaduais e nacionais e que o governo estadual “não tem vínculo nenhum com o laboratório”, que prestou serviços após vencer uma licitação.
Braga de Mello argumentou que a clínica em questão não pode mais funcionar no Rio de Janeiro, e que foi aberta uma sindicância “rigorosa” para apurar a situação em caráter sigiloso. Claudia acrescenta que se alguém tiver dúvidas pode contatar a Secretaria de Saúde pelo e-mail notifica@saude.rj.gov.br.
– A bandeira da minha vida é a segurança do paciente. O impacto pessoal é grave. Me solidarizar com as famílias é o mínimo; o impacto maior é deles, depois é meu. Não interrompemos [outros transplantes] em momento algum. O sistema de transplantes no Brasil é seguro e merece confiança. Toda a população precisa ter certeza que esse caso é sem precedentes e não se repetirá. Doação é para salvar vidas – afirmou.
Por: Thamiris Andrade
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