Medo de ataque de Israel faz Irã mover frota de petroleiros

Imagens de satélite divulgadas pela empresa americana de monitoramento de petroleiros TankerTrackers mostram que, da quinta (3) para a sexta (4), ao menos dez superpetroleiros da estatal iraniana NITC se afastaram do porto da ilha de Kharg, na costa norte do país.

Medo de ataque de Israel faz Irã mover frota de petroleiros

À espera da anunciada retaliação israelense devido ao ataque com mísseis balísticos promovidos por Teerã na terça passada (1º), a indústria petrolífera do país do golfo Pérsico começou a retirar seus navios do principal terminal de exportação do país.

Imagens de satélite divulgadas pela empresa americana de monitoramento de petroleiros TankerTrackers mostram que, da quinta (3) para a sexta (4), ao menos dez superpetroleiros da estatal iraniana NITC se afastaram do porto da ilha de Kharg, na costa norte do país.

O local concentra 90% dos embarques de petróleo iraniano para exportação, que com as sanções que voltaram a vigorar em 2018 no Ocidente vão principalmente para a China e a Índia -Pequim orquestrou a entrada de Teerã no grupo Brics como parte dessa associação econômica.

A apreensão acerca do que Tel Aviv irá alvejar tem dominado discussões sobre a guerra no Oriente Médio. A linha-dura israelense defende que a fatura seja cobrada integralmente, ainda que o ataque de terça não tenha causado danos sérios.

Ela sustenta o premiê Binyamin Netanyahu no cargo, e os sucessos militares contra o Hamas palestino, que disparou a atual guerra ao atacar Israel de forma inaudita há um ano, e o Hezbollah libanês, podem fazer o político se empolgar com a ideia.

Contra ela estão os Estados Unidos, fiadores militares e políticos de Israel. O presidente Joe Biden já se disse contra o plano A da linha dura, que é destruir as instalações do precioso programa nuclear do Irã.

A argumentação em favor de tal ação é que, mais cedo ou mais tarde, o Irã irá ter a bomba atômica. Israel tem 90 delas, ainda que não admita oficialmente para manter-se fora de sistemas de controle internacionais. Mas Tel Aviv nunca prometeu varrer Teerã do mapa, ao contrário do que pregam os aiatolás.

Isso dito, o plano B mais comentado é o ataque à infraestrutura de exploração, refino e venda de petróleo, que colocaria ainda mais pressão econômica sobre a teocracia. Aí entra a ilha de Kharg: obliterá-la dificultaria a vida de Teerã, mas deixaria intactas suas reservas.

A TankerTrackers afirmou no X que só geolocalizou navios vazios, sugerindo que as operações de embarque seguem valendo. O Irã produz cerca de 4% do petróleo do mundo, e tem 12% das reservas conhecidas, segundo a Agência Internacional de Energia.

Uma conflagração geral no golfo, que soma quase 1/3 da produção mundial, terá impacto direto no preço da commodity, levando a uma onda de pressão inflacionária global. Na quinta, quando Biden disse que estavam discutindo se Israel deveria ou não atacar refinarias, num claro ato falho, o mercado viu o custo do barril subir.

O americano tentou consertar a situação na sexta, dizendo que era contra tal ataque. O ponto é que, em fim de mandato e não concorrendo à reeleição, Biden é o proverbial pato manco: Netanyahu está agindo largamente às suas costas na guerra de Gaza e no Líbano.

Os combates no país vizinho continuaram neste sábado (5). O Hezbollah afirmou que está combatendo uma infiltração do Exército de Israel no sul do país, e Beirute voltou a ser bombardeada.

Segundo canais da mídia árabe, o ataque israelense na noite de quinta (3) contra um bunker do grupo fundamentalista aliado do Hamas e, como os terroristas palestinos, bancado pelo Irã, matou o homem cotado para liderar a agremiação.

Desde a ação, ninguém sabe o paradeiro de Hashem Safieddine, que está sendo dado como morto, embora não haja ainda uma confirmação. Ele deveria assumir o cargo de secretário-geral do Hezbollah depois que Israel matou, com um estrondoso ataque a Beirute, Hassan Nasrallah, que comandou o grupo por 32 anos.

Confirmada, a morte de Safieddine é mais um duro golpe para a estrutura de comando do Hezbollah. Israel está indo atrás também de comandantes de médio e baixo escalão do grupo e do Hamas -neste sábado, os palestinos confirmaram a morte do chefe da facção em Tulkarem (Cisjordânia), num raro ataque com caça israelense, que deixou 18 mortos.

por Folhapress

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