Venezuela diz a Espanha que não permitirá ‘ingerência’ no país.

Eleições venezuelanas ainda estão sob protesto por falta de transparência.

Nicolás Maduro Foto: EFE/ Miguel Gutiérrez

O embaixador da Espanha em Caracas, Ramón Santos, se reuniu nesta sexta-feira (13) com o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, depois de ser chamado para consultas, já que o governo de Nicolás Maduro considera ter havido uma deterioração nas relações devido à “interferência” de membros do governo de Pedro Sánchez nos assuntos do país sul-americano.

Recomendado para vocêDe acordo com uma nota compartilhada por Gil no Telegram, durante a reunião, o ministro das Relações Exteriores disse ao diplomata que a Venezuela não permitirá “nenhuma interferência do governo da Espanha em assuntos que são de competência exclusiva dos venezuelanos”.
– O governo venezuelano adotará as medidas necessárias, no âmbito do direito internacional e da diplomacia de paz bolivariana, para proteger sua soberania – diz a nota do ministro das Relações Exteriores.

Santos participou da reunião na sede do Ministério das Relações Exteriores em Caracas, a pedido de Gil, que no dia anterior havia descrito como “insolentes, interferentes e grosseiras” as declarações da ministra da Defesa da Espanha, Margarita Robles, para quem o governo de Maduro é uma “ditadura”.

A autoridade espanhola também se referiu aos venezuelanos que deixaram seu país como “vítimas de restrição, violência, falta de democracia e falta de liberdade”, e criticou a “perseguição” e a “limitação dos direitos fundamentais” que, em sua opinião, são sofridos pelos opositores na nação sul-americana.

O governo de Maduro, explicou Gil nesta quinta-feira (12), também convocou para consultas sua embaixadora credenciada na Espanha, Gladys Gutiérrez, cuja chegada à Venezuela está prevista para a tarde desta sexta-feira.

Por sua vez, o governo espanhol optou por minimizar a escalada de tensão entre Caracas e Madri e descreveu como “soberana” a decisão do governo chavista de convocar Santos e convocar para consultas seu representante na capital espanhola.

O ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, insistiu na vontade de buscar “as melhores relações possíveis com o povo irmão da Venezuela” e de cuidar dos interesses da comunidade e das empresas nacionais no país sul-americano.

A tensão entre os dois países ocorre depois que o Congresso espanhol, com o voto contrário do governista Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), concordou em reconhecer como presidente eleito das eleições de 28 de julho na Venezuela o candidato da oposição majoritária, Edmundo González Urrutia, exilado desde o último domingo (8) no país europeu, onde pediu asilo.

Em resposta, o Congresso venezuelano, controlado pelos chavistas, propôs a elaboração de uma resolução instando Maduro a romper “todas as relações diplomáticas, consulares, econômicas e comerciais” com a Espanha.

Nesta quinta-feira, González Urrutia foi recebido pelo presidente do governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez, que garantiu que seu país continuará a trabalhar em favor da democracia, do diálogo e dos direitos fundamentais do povo venezuelano.

*EFE

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