Morre o ex-presidente peruano Alberto Fujimori, aos 86 anos

Fujimori se recuperava de um tratamento contra um câncer de língua.

Alberto Fujimori Foto: EFE/Paolo Aguilar

O ex-presidente do Peru Alberto Fujimori, cuja trajetória política começou com triunfos ao restaurar a economia do Peru mas terminou com condenações por violação de direitos humanos e por corrupção, faleceu nesta quarta-feira (11), aos 86 anos, em sua residência em Lima, onde se recuperava de um tratamento contra um câncer de língua, informou sua família.

– Após uma longa batalha contra o câncer, nosso pai, Alberto Fujimori, acaba de partir para o encontro com o Senhor. Pedimos a quem o apreciou que nos acompanhe com uma oração pelo eterno descanso de sua alma. Obrigado por tudo, papai! – anunciaram seus filhos Keiko, Hiro, Sachie e Kenji Fujimori na rede social X.

Fujimori, que teve um governo marcado por um crescente autoritarismo entre 1990 e 2000, havia sido perdoado em dezembro de suas condenações por corrupção e pela responsabilidade no assassinato de 25 pessoas. Em julho, uma de suas filhas chegou a dizer que ele planejava concorrer à Presidência do Peru pela quarta vez em 2026.

Fujimori nasceu em 28 de julho de 1938, Dia da Independência do Peru, e seus pais imigrantes cultivaram algodão até conseguirem abrir uma alfaiataria no centro de Lima.

Ele obteve um diploma em engenharia agrônoma em 1956, e depois estudou na França e nos Estados Unidos, onde recebeu um diploma de pós-graduação em matemática pela Universidade de Wisconsin, em 1972. Em 1984, ele se tornou reitor da Universidade Agrícola de Lima.

Em 1990, quando venceu a eleição peruana contra o escritor Mario Vargas Llosa, Fujimori era considerado um completo outsider político. Ao longo de uma tumultuada carreira política, ele repetidamente tomou decisões arriscadas e ousadas que lhe renderam tanto adoração quanto reprovação.

Fujimori assumiu um país devastado por inflação descontrolada e violência guerrilheira, consertando a economia com ações como privatizações em massa de indústrias estatais. No entanto, sua presidência entrou em colapso de maneira igualmente dramática.

Depois de fechar brevemente o Congresso e se impor em um controverso terceiro mandato, ele fugiu do país em 2000, quando fitas vazadas mostraram seu chefe de espionagem, Vladimiro Montesinos, subornando parlamentares. O então presidente foi para o Japão, terra de seus pais, e renunciou por fax.

Fujimori surpreendeu apoiadores e opositores cinco anos depois, quando desembarcou no vizinho Chile, onde foi preso e, em seguida, extraditado para o Peru. Ele esperava concorrer à Presidência do Peru em 2006, mas acabou indo a julgamento enfrentando acusações de abuso de poder.

Ele se tornou o primeiro ex-presidente no mundo a ser julgado e condenado em seu próprio país por violações de direitos humanos. Não foi constatado que ele ordenou pessoalmente os 25 assassinatos cometidos por esquadrões da morte, pelos quais foi condenado, mas ele foi considerado responsável porque os crimes foram cometidos em nome de seu governo.

Sua filha, a congressista Keiko, tentou em 2011 restaurar a dinastia familiar ao concorrer à presidência, mas foi derrotada por uma pequena margem no segundo turno. Ela concorreu novamente em 2016 e 2021, quando perdeu por apenas 44 mil votos, após uma campanha em que prometeu libertar seu pai.

*AE

ranoticias.com

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