Maior ataque de drones contra Moscou faz 1ª morte e fecha aeroportos
Os quatro aeroportos da cidade passaram a noite fechados.
© REUTERS/Maxim Zmeyev
A Ucrânia fez nesta terça (10) seu maior ataque com drones contra Moscou na guerra, matando a primeira pessoa nos arredores da capital russa desde que Vladimir Putin invadiu o vizinho em 2022. Os quatro aeroportos da cidade passaram a noite fechados.
Foram empregados na ação 20 drones, entre 144 lançados contra outras oito regiões da Rússia ocidental. Foi o segundo maior ataque em volume feito por Kiev: há dez dias, 158 aparelhos haviam sido utilizados.
Os aeroportos de Domodedovo, Cheremetievo, Vnukovo e Jukovski passaram algumas horas fechados, por medida de segurança. Cerca de 50 voos tiveram de ser desviados. A Ucrânia fica a cerca de 400 km dali.
Em uma antecipação de problemas de imagem para Putin, drones de longo alcance foram lançados contra Kazan (700 km a leste de Moscou), forçando também a suspensão temporária de voos no aeroporto internacional da cidade, que em outubro será a sede do encontro dos Brics, grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, entre os membros principais.
A ação ucraniana, por vistosa que seja, é um ato assimétrico raro, sem comparação com o volume de bombardeio russo contra o vizinho. Segundo disse uma médica que trabalha no sul de Moscou à Folha, o ataque eleva a sensação de vulnerabilidade, mas o fato é que o reforço de defesas aéreas impede há mais de um ano qualquer sucesso de drones contra regiões centrais da capital.
O Kremlin disse que a ofensiva foi um “ato terrorista do regime de Kiev”. O governo de Volodimir Zelenski, que tem instado seus aliados ocidentais a lhe fornecer armas mais poderosas para atacar alvos distantes dentro da Rússia, não comentou.
Na semana passada, o presidente ucraniano falhou em convencer o grupo de nações doadoras de material militar a Kiev na guerra a permitir o emprego de armas como os mísseis ATACMS americanos contra bases russas distantes da fronteira.
Elas foram usadas em ações próximas, como a invasão de Kursk (sul), para desagrado relatado na Otan (aliança militar ocidental), que teme uma escalada do conflito com Moscou.
Ao mirar a capital russa e outras cidades, como Briansk e Belgorodo, Zelenski tenta dizer que, se os russos são vulneráveis a pequenos drones, o impacto potencial de mísseis poderia forçá-los a negociar.
Na via contrária, a Rússia lançou outros 46 drones contra a Ucrânia nesta madrugada, 38 dos quais Kiev diz ter interceptado. A ação mirou o sistema energético do país vizinho, dando sequência a uma série de grandes ataques que já se desenrola desde a semana retrasada.
Mais importante do ponto de vista militar, contudo, foi a aceleração do avanço russo no leste do país. O Ministério da Defesa em Moscou disse ter capturado mais quatro localidades rumo a Pokrovsk, centro logístico na região de Donetsk. Se esta cidade cair, pode haver um colapso das defesas da região.
Uma eventual queda de Donetsk completaria, na prática, a conquista do que Putin chama de objetivo primário da guerra, o controle do Donbass, região do leste que também é composta pela província de Lugansk, quase toda tomada.
Se isso pode gerar uma situação insustentável em favor de conversas de paz, ainda que em termos favoráveis ao russo, é incerto no momento. Pressão para tal há sobre Zelenski, particularmente devido à sua enorme aposta na ofensiva contra Kursk.
Ali, ele tomou 0,007% do território do vizinho numa operação surpreendente, mas teve de empregar suas melhores forças. A exposição do já enfraquecido flanco leste pode lhe custar o controle de Donetsk, e isso já levou mesmo apoiadores de seu governo a fazer críticas duras: a humilhação tática a Putin pode resultar num problema estratégico maior.
EUA ACUSAM IRÃ DE FORNECER MÍSSEIS
Após ter tergiversado na véspera, quando todas as indicações eram claras acerca da acusação de que o Irã havia enviado mísseis balísticos de curto alcance para a Rússia, os EUA nesta terça assumiram a afirmação.
Segundo o secretário de Estado, Antony Blinken, forças russas receberam treinamento no próprio Irã para operar as armas, que serão usadas nas linhas de frente na Ucrânia. Ele chamou o fornecimento de “escalada dramática” e vai anunciar novas sanções contra a teocracia.
Teerã negou o acordo, mas o Kremlin não o negou, quando questionado acerca de relatos na mídia ocidental.
Por Folhapress
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