“Faremos o chavismo ceder”, garante María Corina em ato

Reclusa desde as eleições, líder opositora voltou a arriscar aparecer em público.

María Corina Machado Foto: EFE/ Ronald Peña R.

María Corina Machado, líder da oposição venezuelana, prometeu, nesta quarta-feira (28), que fará o chavismo reconhecer a derrota na eleição presidencial.

– Dizem que o regime não vai ceder. Saibam que vamos fazê-lo ceder e ceder significa respeitar a vontade manifestada em 28 de julho – disse a opositora, durante uma nova manifestação contra a ditadura de Nicolás Maduro, em Caracas.

Escondida desde o anúncio dos resultados, María Corina saiu da clandestinidade para participar do protesto que reuniu centenas de pessoas. Ela chegou à manifestação disfarçada, com um suéter preto com capuz, que tirou ao subir no caminhão que serviu como palanque.

– Valente, valente! – gritava a multidão.

Reconhecendo o desafio de forçar Maduro a deixar o poder, María Corina disse que a oposição será estratégica ao convocar novas manifestações. Para ela, é improvável que a pressão internacional sobre Maduro ceda.

– Aqueles que dizem que o tempo favorece Maduro estão errados. A cada dia ele está mais isolado, mais tóxico.

RECONHECIMENTO
Ainda não há ordem de prisão contra a líder opositora, embora Maduro tenha solicitado que ela e o ex-diplomata Edmundo González Urrutia, candidato que reivindica a vitória na eleição presidencial, sejam presos. María Corina disse temer por sua vida, ainda que tenha participado de outras manifestações pós-eleitorais.

O ato desta quarta foi o quarto contra o terceiro mandato de Maduro, que poderia ficar no poder até 2031. A reeleição foi ratificada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), ambos ligados ao chavismo.

A oposição acusa as autoridades eleitorais de validarem a vitória de Maduro mesmo sem a apresentação das atas de votação, que dão detalhes sobre o voto de cada seção. De acordo com atas recebidas pela oposição, Urrutia derrotou Maduro com facilidade.

Diante do impasse, vários países rejeitaram os resultados, como Estados, Argentina, Uruguai, Chile, Equador, Panamá e União Europeia. Outros, incluindo Brasil, México e Colômbia, exigem que Maduro apresente as atas das seções, o que o regime não parece disposto a fazer. Em sentença na semana passada, o TSJ também impôs segredos aos dados.

Enquanto isso, a Justiça fecha o cerco contra os opositores. Urrutia, que também está escondido, é investigado por “usurpação de funções” e “falsificação de documento”, crimes que podem render até 30 anos de prisão. O opositor diz que está na clandestinidade, porque teme perseguição política do chavismo.

*AE

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