Brasil cobra atas das urnas, mas ignora fraude de Nicolás Maduro

Partido dos Trabalhadores já declarou o ditador “reeleito”.

Lula e Nicolás Maduro Foto: EFE/ André Borges

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adotou, nesta segunda-feira (29), um tom “cauteloso” na comparação com países vizinhos da América do Sul ao se manifestar sobre o anúncio da reeleição do ditador Nicolás Maduro, na Venezuela.

Marcado por indícios e denúncias de fraude, o processo eleitoral venezuelano impôs um dilema diplomático para o governo petista, que historicamente respaldou o regime chavista no país vizinho.Maduro foi proclamado nesta segunda pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) como o candidato vencedor na disputa presidencial realizada no último domingo (28). Sem citar os sinais de que o processo foi fraudado, o Itamaraty solicitou a divulgação das atas eleitorais para um posicionamento sobre o resultado da disputa, seguindo a manifestação de um dos poucos centros de observação da permitidos pela ditadura chavista a operar na Venezuela, o Centro Carter.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, orientou a embaixadora do Brasil na Venezuela, Glivânia Maria de Oliveira, a não comparecer à proclamação de vitória de Maduro. O assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, se reuniu no fim da tarde desta segunda com o ditador venezuelano.

Amorim foi escalado por Lula para acompanhar in loco as eleições na Venezuela.

– Como em toda eleição, tem que haver transparência, o CNE ficou de fornecer as atas que embasam o resultado anunciado. Também não vou endossar nenhuma narrativa de que houve fraude. É uma situação complexa e nós queremos apoiar a normalização do processo político venezuelano – disse o assessor especial.

Chefes de Estado de regimes diversos no continente, incluindo Javier Milei – de direita -, na Argentina, e Gabriel Boric – de esquerda -, no Chile, ameaçaram não reconhecer a vitória do chavismo. Lula permaneceu em silêncio ao longo do dia e não havia dado declarações sobre o assunto até a noite desta segunda.

Já o Partidos dos Trabalhadores (PT), sigla de Lula, “furou” o silêncio do presidente e divulgou uma nota na noite desta segunda-feira exaltando as eleições no país vizinho.

Na publicação, feita no site do partido e assinada pela Executiva Nacional da legenda, o PT chamou o ditador de “presidente Nicolás Maduro, agora reeleito” e defendeu que ele “continue o diálogo com a oposição”.

*AE

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