Para gestão Lula, fala de Maduro foi “provocação desrespeitosa”

Reação foi de insatisfação nos bastidores do governo.

Lula e Nicolás Maduro Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

“Provocação desrespeitosa”. Foi dessa forma que o governo brasileiro encarou, nos bastidores, as falas do ditador venezuelano Nicolás Maduro dirigidas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além de criticar o processo eleitoral brasileiro chamando-o de “inauditável”, o chavista orientou o petista a “tomar um chá de camomila”, após o líder do Planalto manifestar preocupação com as ameaças de Maduro ao pleito presidencial da Venezuela.

Embora a gestão federal do Brasil não tenha se manifestado oficialmente, o colunista Valdo Cruz, da GloboNews, apurou qual foi a reação interna do governo. A resposta foi que houve um desrespeito, não apenas por tratar-se de uma provocação, mas também por ter sido direcionada a um aliado de longa data.

As declarações de Maduro envolvendo um “banho de sangue” e “guerra civil fraticida” deixaram o governo brasileiro em alerta. O presidente Lula chegou a orientar sua equipe, o setor de inteligência e as Forças Armadas a se prepararem para o pior.

Ainda de acordo com Cruz, o temor é de que haja uma convulsão social caso Maduro perca as eleições e tente dar um golpe. O cenário poderia levar a uma fuga em massa de venezuelanos para o Brasil.

Além disso, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, reagiu às falas do venezuelano dizendo que “as urnas e as eleições brasileiras são auditadas, desde o início do seu processo até o seu final”. Também afirmou que nunca houve comprovação de qualquer fraude ou erro nos pleitos anteriores e que a “Justiça Eleitoral pode contar com a confiança da população”.

“CHÁ DE CAMOMILA” E “ELEIÇÕES INAUDITÁVEIS”
Nos últimos dias, Maduro vem subindo o tom e diversas de suas falas despertaram preocupação internacional. Em comício realizado no último dia 17 em Caracas, ele afirmou que, nestas eleições, será decidido entre a paz ou a “guerra civil fraticida”, e previu um “banho de sangue” caso perca o pleito. No último sábado (20), o político renovou suas falas, assinalando que trata-se de uma decisão entre a paz ou um país “convulsionado, violento e cheio de conflitos”, citando novamente uma guerra.

As declarações foram tão radicais que Lula sentiu-se na obrigação de reprová-las. Em entrevista a agências internacionais no Palácio da Alvorada na última segunda-feira (22), o petista disse que ficou “assustado” com as declarações do colega e que ele “precisa aprender” a se retirar do poder caso leve um “banho de voto”.

Embora a reação do petista só tenha ocorrido cinco dias depois das ameaças, a resposta do venezuelano, por outro lado, veio rapidamente. Nesta terça (23), o sucessor de Hugo Chávez disse – sem citar o nome de Lula – para aqueles que ficaram assustados tomarem “um chá de camomila”. Ele ainda disparou críticas ao sistema eleitoral brasileiro e de outros países.

– Temos o melhor sistema eleitoral do mundo. Temos 16 auditorias (…). Em que outra parte do mundo fazem isso? Nos Estados Unidos, é inauditável o sistema eleitoral. No Brasil, não auditam um registro. Na Colômbia, não auditam nenhum registro – retrucou.

Por Thamirys Andrade

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