Cientistas anunciam sétimo paciente provavelmente curado do HIV no mundo
O paciente é um homem adulto que, além de viver com o vírus, também tinha leucemia.
©
Getty Images
Cientistas alemães anunciaram nesta quinta-feira, 18, o caso do sétimo paciente provavelmente curado do vírus da imunodeficiência humana (HIV) no mundo, após um transplante de células-tronco. O paciente é um homem adulto que, além de viver com o vírus, também tinha leucemia. Mais detalhes sobre o caso serão apresentados por Christian Gaebler, médico-cientista da Charité-Universitätsmedizin Berlin, na 25ª Conferência Internacional sobre AIDS , que acontece entre 22 e 26 de julho, em Munique, Alemanha. Segundo os investigadores, o novo caso possui uma série de características que o tornam único e importante para pesquisa da cura do HIV.
De acordo com comunicado da International Aids Society (IAS), o paciente recebeu um transplante de células-tronco para o câncer no final de 2015 e, no final de 2018, parou de fazer o tratamento antirretroviral para HIV. Cerca de cinco anos e meio depois, o vírus continua em remissão, isto é, não voltou a ser detectado no seu organismo.
“Uma pessoa saudável tem muitos desejos, uma pessoa doente apenas um”, disse o homem, que optou por permanecer anônimo, em comunicado da IAS.
Ele foi apelidado de “próximo paciente de Berlim”, em referência a Timothy Ray Brown, considerado a primeira pessoa a ser curada da infecção do HIV e conhecido como “paciente de Berlim”, em referência à cidade em que viveu. Em 2007, ele recebeu o transplante de um doador com resistência natural ao vírus da Aids. Timothy faleceu em 2020, em decorrência de leucemia, doença que já havia enfrentado antes da remissão do vírus.
Casos anteriores
Conforme reportado pelo Estadão, contando com Timothy, outras seis pessoas já foram consideradas provavelmente curadas do vírus da Aids após transplante de medula óssea. Todos eles tinham uma situação particular em comum: sofriam de câncer de sangue e se beneficiaram de um transplante de células-tronco que renovaram profundamente seu sistema imunológico.
Porém, nos cinco primeiros casos, os doadores apresentavam uma rara mutação, de um gene conhecido como CCR5 delta 32, que previne a entrada do HIV nas células. O “paciente de Genebra”, sexto caso de remissão, em 2023, foi o primeiro a receber medula óssea sem essa mutação.
Agora, o novo paciente de Berlim também traz novidades para o campo. Este é o primeiro caso de cura do HIV em que o doador herdou um tipo de cópia do CCR5 delta 32 conhecida como “heterozigoto”, uma forma mais prevalente na população. Isso sugere que a mutação heterozigótica pode ser suficiente para a cura em alguns casos, aumentando o número de doadores potenciais.
Mundo Ciência