Armas nucleares atingem maior relevância desde a Guerra Fria, diz estudo.

Relatório aponta que EUA e Rússia se mantêm como as grandes potências nucleares, com 90% do arsenal do mundo, mas cresce o número de ogivas prontas para uso na China.

Rússia inicia exercício com armas nucleares táticasRússia inicia exercício com armas nucleares táticasMinistério da Defesa da Rússia

O aumento das tensões geopolíticas levou as principais potências militares do mundo a modernizar seus arsenais nucleares em 2023, na corrida armamentista mais relevante desde a Guerra Fria, segundo especialistas. Além de Estados Unidos e Rússia se confirmarem como as grandes potências nucleares do mundo, pela primeira vez a China também apresenta um número importante de ogivas prontas para uso imediato.

Essas são as principais conclusões de um relatório publicado nesta segunda-feira (17) pelo Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês), um renomado instituto de pesquisa sobre paz e segurança internacional.

De acordo com o estudo, as nove nações que possuem armas nucleares – China, Coreia do Norte, Estados Unidos, França, Índia, Israel, Paquistão, Reino Unido e Rússia – continuaram a modernizar os seus arsenais ou implantaram novas armas nucleares e sistemas com capacidade nuclear em 2023.

Das 12.121 ogivas existentes no mundo em janeiro de 2024, o Sipri estima que 9.585 estavam em arsenais militares para uso potencial. O instituto também afirma que 3.904 dessas ogivas foram implantadas em mísseis e aeronaves – 60 a mais do que em janeiro de 2023.

“Não vimos armas nucleares desempenharem um papel tão proeminente nas relações internacionais desde a Guerra Fria”, disse Wilfred Wan, diretor do Programa de Armas de Destruição em Massa do Sipri.

Cerca de 2.100 das ogivas implantadas foram mantidas em estado de alerta operacional máximo sobre mísseis balísticos, ou seja, prontas para uso imediato, segundo o relatório. Quase todas estas ogivas nucleares pertencem à Rússia e aos Estados Unidos, que detêm sozinhos 90% das armas nucleares do mundo.

O Sipri destaca que a segunda maior potência econômica do mundo agora também tem armas prontas para uso. “Pela primeira vez acredita-se que a China tenha algumas ogivas em alerta operacional máximo”, diz o relatório.

A China aumentou seu arsenal de 410 ogivas em janeiro de 2023 para 500 em janeiro de 2024, segundo o instituto, que afirma que também pela primeira vez Pequim poderá implantar um pequeno número de ogivas em mísseis durante tempos de paz. “Dependendo de como decidir estruturar as suas forças, a China poderá ter tantos mísseis balísticos intercontinentais como a Rússia ou os EUA até a virada da década, embora ainda se espere que o seu arsenal permaneça muito menor do que os estoques de qualquer um desses dois países”, afirma o estudo.

“Embora o total global de ogivas nucleares continue a cair à medida que as armas da era da Guerra Fria são gradualmente desativadas, lamentavelmente continuamos a ver aumentos anuais no número de ogivas nucleares operacionais”, disse o diretor do Sipri, Dan Smith. “É provável que essa tendência continue e acelere nos próximos anos e isso é extremamente preocupante”.

Smith afirma que as fontes de instabilidade são diversas: rivalidades políticas, desigualdades econômicas, disrupções ecológicas e aceleração da corrida armamentista.

“Vivemos um dos períodos mais perigosos da história da humanidade ”, alertou o diretor do Sipri. “O abismo nos espera e é hora das grandes potências darem um passo atrás e refletirem. De preferência juntas”, completou.

O Sipri observou que o controle de armas nucleares e a diplomacia do desarmamento sofreram reveses importantes no ano passado. Em fevereiro de 2023, a Rússia anunciou que não faria mais parte do “Novo Start”, o último tratado de controle de armas que restava entre a Rússia e os EUA. Como contrapartida, os EUA também suspenderam o compartilhamento de dados previsto pelo tratado.

O instituto lembra ainda que Moscou realizou exercícios em maio de 2024 utilizando armas nucleares táticas na fronteira com a Ucrânia.

Por: CNN Brasil

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