Macron decreta estado de emergência na Nova Caledônia.
Medida ocorreu nesta quarta-feira.
Nesta quarta-feira (15), o presidente da França, Emmanuel Macron, decretou estado de emergência na Nova Caledônia após o arquipélago autônomo no Oceano Pacífico sofrer um segundo dia de distúrbios que deixaram três pessoas mortas e um policial gravemente ferido.
Macron realizou uma reunião de emergência de seu Conselho de Defesa antes de tomar essa decisão com o objetivo de restaurar a calma em um território imerso no caos pela adoção de uma reforma constitucional destinada a reformar seu censo eleitoral, algo que os independentistas da ilha não aceitam.
– Qualquer violência é intolerável e será enfrentada com uma resposta implacável para garantir o retorno à ordem – afirmou Macron.
A declaração foi divulgada pelo Palácio do Eliseu. O presidente está na linha de frente de uma crise que eclodiu há dois dias, quando a Assembleia Nacional em Paris começou a debater a abertura de um censo congelado desde 1998, o que impedia as pessoas que se estabeleceram na ilha desde então de votar.
Macron pediu calma e exigiu “a necessidade de retomar o diálogo político”, motivo pelo qual solicitou ao primeiro-ministro, Gabriel Attal, que reúna as diferentes forças políticas do arquipélago em Paris.
O estado de emergência permite que as forças da lei e da ordem tenham maior capacidade de intervenção, a proibição de reuniões e manifestações e a declaração de toque de recolher, bem como a imposição de penalidades preventivas, como a prisão domiciliar.
Attal disse à Assembleia Nacional que a prioridade do governo é “restaurar a ordem”, anunciou o envio de reforços policiais e considerou qualquer ato de violência “intolerável”.
O chefe do Executivo lembrou que a reforma constitucional adotada na terça-feira “é fruto do diálogo”, mas aceitou o desafio lançado por Macron e garantiu que continuaria a negociar com as forças da Nova Caledônia.
Com esse objetivo, o presidente decidiu adiar a promulgação da reforma constitucional para dar tempo a esse novo diálogo, a fim de incentivar a redução da tensão no arquipélago.
A oposição de esquerda rejeita a resposta pesada anunciada pelo primeiro-ministro e exige que a reforma constitucional seja retirada.
A Nova Caledônia, um território autônomo localizado a 17 mil quilômetros do continente, realizou três referendos sobre autodeterminação, todos com derrota dos independentistas que, no entanto, boicotaram o último em dezembro de 2021.
A reforma do censo eleitoral, que diluirá o peso da população autóctone, provocou uma rejeição generalizada das forças locais e causou uma onda de violência em um lugar onde a porcentagem de armas de caça por habitante é muito alta.
O alto comissário no território, Louis Le Franc, chamou a situação de “insurrecional” e disse que 140 prisões foram feitas no arquipélago, onde o tráfego aéreo foi suspenso.
O toque de recolher não acalmou a situação, e as autoridades e a imprensa relatam que a agitação continua durante a noite na Nova Caledônia.
*EFE