“É meu lar, preciso voltar”, diz garçom que viu casa inundada.

Cidade onde Marcos dos Santos mora ficou com 90% de sua área submersa.

Casa de Marcos dos Santos antes e depois das enchentes Fotos: Arquivo pessoal

Quando acordou às 5h da manhã do último dia 3, o garçom Marcos dos Santos, de 43 anos, ficou assustado. A chuva não parava e já começava a invadir a casa dele, no bairro Centro Novo, em Eldorado do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre. Chamou a esposa, que é técnica de enfermagem, e o filho para saírem o mais rápido possível. Marcos conseguiu abrigo em uma igreja no Sertão Santana, cidade a 80 quilômetros (km) da capital gaúcha.

– Aqui estou em segurança. Mas quero voltar. É meu lar. Preciso voltar. Construímos aquele lugar – disse o garçom que trabalha em um bar em Porto Alegre.

A cidade de Eldorado do Sul, foi uma das mais castigadas do Rio Grande do Sul e ficou com pelo menos 90% da área submersa. Vias de acesso estão bloqueadas pela água ou por deslizamentos e quedas de árvores.

– Cheguei a voltar à minha casa durante a semana. Tudo ficou destruído e inundado. Estamos muito angustiados – afirmou.

Na correria para se salvar, Marcos saiu apenas com a roupa do corpo. Nem carteira nem qualquer documento conseguiu pegar.

– Percorri minhas ruas. Estão parecendo cenários de guerra. No caminho pelas ruas da minha cidade, eu fui chorando. Não sei o que estou sentindo – disse.

“PARECIA UM RIO”
Colega de trabalho no bar em que trabalha em Porto Alegre, o gerente Lázaro Kieling mora na mesma cidade e na mesma rua que Marcos. Ele recorda que aquela sexta-feira foi um pesadelo para ele e a família.

– Em poucas horas, a rua estava tomada pela água. Parecia um rio. Tudo inundou – relatou.

Também saíram correndo. Ele e a esposa conseguiram um abrigo na cidade de Guaíba, a 40 km de distância.

A casa dele, segundo testemunha, está com água a um metro de altura.

– Tudo ficou revirado. Perdi tudo.

Além da perda, a família tem medo. Ele voltou para a casa, e viu um cenário de pesadelo.

– Está tudo escuro e há sons de tiroteio à noite. Meus vizinhos dizem que quem resistiu a sair de casa [porque tem dois andares] está sendo assaltado e ameaçado – afirmou.

Na quinta-feira do dia 9, o secretário estadual da Segurança Pública, Sandro Caron, manifestou preocupação com a violência no estado. Segundo ele, agentes da Brigada Militar e da Polícia Civil têm usado embarcações para fazer o policiamento ostensivo em um cenário de ruas alagadas e edificações parcialmente submersas.

AJUDE O RIO GRANDE DO SUL
Com 85% de seus municípios afetados pela calamidade climática, o estado sulista sofre com severos estragos, e sua ajuda é fundamental para que as vítimas possam recomeçar suas vidas. Uma das formas de fazer doações é o financiamento coletivo criado pelo influenciador Badin, o Colono. Você pode contribuir via Pix usando a chave enchentes@vakinha.com.br.

*Agência Brasil

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