Biden a Israel: “Se entrarem em Rafah, não fornecerei armas”.

É a primeira vez que o presidente estadunidense impõe publicamente condições para o apoio militar na guerra.

Joe Biden Foto: EFE/EPA/DAVID BECKER

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alertou que deixará de fornecer projéteis de artilharia e outras armas ofensivas para Israel se o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu lançar uma ofensiva em larga escala em Rafah, na Faixa de Gaza. É a primeira vez em sete meses de guerra que ele impõe publicamente condições para o apoio militar de Washington a Tel Aviv.

– Deixei claro que se eles entrarem, ainda não entraram em Rafah, não fornecerei as armas que foram usadas historicamente para lidar com Rafah – disse à rede americana CNN, que divulgou trechos da entrevista na noite desta quarta-feira (8).

Biden considerou que as ações lançadas por Israel estão focadas na passagem de Rafah, na região de fronteira – o que causa problemas com o Egito -, mas que a linha vermelha seria uma ofensiva em áreas densamente povoadas. A cidade abriga mais de 1 milhão de palestinos deslocados pelo conflito.

– Deixei claro a Bibi e ao gabinete de guerra que eles não vão ter o nosso apoio se de fato atacarem estes centros populacionais. É simplesmente errado. Não fornecerei armas e projéteis de artilharia – disse Biden referindo-se ao apelido do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

O presidente enfatizou, no entanto, que continuaria apoiando com armas defensivas como interceptadores de mísseis para o Domo de Ferro, sistema desenvolvido pelos EUA para proteger Israel de ataques dos inimigos regionais como o Irã.

A entrevista foi divulgada depois que o Secretário de Defesa Lloyd Austin admitiu a retenção, na semana passada, de 3,5 mil bombas que seriam enviadas a Israel por preocupações com a operação em Rafah. Questionado sobre a decisão, Biden disse que armas americanas mataram palestinos inocentes:

– Civis foram mortos na Faixa de Gaza como consequência dessas bombas.

O presidente enfrenta crescente pressão dentro dos Estados Unidos pelo apoio até então irrestrito a Israel durante a guerra em Gaza. O conflito foi desencadeado pelo ataque terrorista do Hamas, que matou 1,2 mil pessoas e levou cerca de 250 como reféns.

Principal aliado de Israel, os Estados Unidos vinham alertando para o drama humanitário no enclave palestino e fizeram repetidos apelos contra a invasão da cidade de Rafah. Israel, por outro lado, afirma que a cidade, na fronteira com o Egito, é o último reduto importante do Hamas e que a operação é necessária para eliminar o grupo terrorista.

Na última segunda-feira (6), o Exército ordenou o deslocamento de 100 mil pessoas e disse ter atingido alvos do Hamas na cidade. Na última terça (7), as forças israelenses tomaram a passagem de Rafah, na fronteira entre o Egito e Gaza.

Biden e seus principais aliados têm concentrado os esforços nas negociações por um cessar-fogo, mediado com apoio do Egito e Catar. Diplomatas e pessoas familiarizadas com as discussões, contudo, afirmam que as chances de se alcançar um acordo estão diminuindo.

*AE

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