MST se queixa da falta de apoio do governo Lula à causa; saiba mais.

Ceres Hadich, membro da coordenação do MST, manifestou seu descontentamento com o presidente.

Bandeira do MST Foto: José Cruz/Agência Brasil

Ceres Hadich, membro da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), manifestou seu descontentamento em relação ao governo do presidente Lula pela falta de comprometimento com a reforma agrária, uma das principais bandeiras do movimento. Em entrevista à VEJA, ela descreve a relação entre o MST e o Palácio do Planalto como “muito diálogo e poucas respostas”.

Hadich ressalta que a pauta do movimento não avançou como esperado e critica a suposta falta de empenho do governo em promover mudanças concretas e significativas, o que tem gerado insatisfação entre os membros da base do MST. Essa crítica surge em um momento em que o MST aumenta o número de invasões a propriedades como forma de pressionar o governo.

Quando questionada se as relações com o governo Lula estão abaladas, ela disse:

– Apoiamos o governo Lula. No entanto, avaliamos que tem faltado empenho do governo para avançar, concreta e massivamente, na pauta da reforma agrária, o que deixa nossa base insatisfeita. Muitas famílias estão há mais de quinze anos acampadas e têm a expectativa de que vão conquistar a terra sob o governo Lula. Também há um passivo imenso em relação à retomada de políticas públicas para as famílias assentadas, e isso gera um nível de tensionamento bastante grande, porque já estamos no segundo ano de governo. Nossa pauta não avançou.

De acordo com a integrante da coordenação do movimento, “ao longo de todo ano passado, inclusive na jornada de lutas de abril, apresentamos ao governo, que se comprometeu a avançar, mas não teve nada de concreto”.

Sobre a hipótese de que as invasões estariam dificultando o avanço da reforma agrária, Hadich observou:

– Há 28 anos, fazemos jornadas de lutas em memória a 21 trabalhadores assassinados no massacre de Eldorado dos Carajás e para defender a reforma agrária, apresentando nosso projeto para a sociedade e cobrando nossas reivindicações dos governos. Nos últimos 10 anos, a reforma agrária está paralisada e existe uma demanda das famílias, que se expressam com as ocupações de terra, realizadas para pressionar as instituições, incluindo o governo federal, a atender as necessidades das famílias.

E lembrou que “as jornadas de luta e ocupações de terra são parte da natureza e da cultura política do MST, é a forma de organizar o povo e expressar, para governo e sociedade, as demandas da reforma agrária. É uma forma de pressão social”.

Por: Marcos Melo

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