Corpo de analista do TCE-RJ tinha mais de 100 lesões e sinais de tortura; companheiro está preso.
Karen Mancini, de 39 anos, foi enterrada no fim da tarde desta segunda-feira, no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador.
Familiares e amigos no enterro de Karen Mancini, de 39 anos, vítima de feminicídioPedro Ivo/Agência O Dia
Rio – O laudo cadavérico da analista do Tribunal de Contas do Rio (TCE-RJ), Karen Mancini, de 39 anos, concluiu que ela teve pelo menos 114 lesões por todo o corpo e foi torturada antes de morrer. Karen foi vítima de feminicídio na noite de sábado (20), em Nova Friburgo, Região Serrana, e o principal suspeito é o companheiro dela, Clodoaldo Queiroz de Oliveira, de 41 anos, que foi preso nesta segunda-feira (22).
O corpo da analista foi sepultado no fim da tarde desta segunda-feira (22), no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio. Abalados com a tragédia, familiares, amigos e colegas de trabalho da vítima compareceram à cerimônia de despedida e se emocionaram ao falar sobre ela.
Caroline Mancini, irmã da vítima, disse que ela sofreu muito antes de morrer. “No laudo constam cerca de 114 ou 124 lesões no corpo dela, menciona tortura também. Foi um crime brutal. Eu não consigo fechar meus olhos… Só consigo pensar em como ela sofreu para morrer”, diz Caroline, que mora no Espírito Santo e veio ao Rio de Janeiro para colaborar com as investigações na Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam) e se despedir da irmã, que vivia em Nova Friburgo.
Ainda segundo ela, Karen sofria há cinco anos com a violência doméstica e era constantemente aconselhada pela família a terminar o relacionamento com Clodoaldo. “Orientamos que ela acabasse o relacionamento, mas ela nos afastava porque achava que em alguns momentos ele era bom para ela. E assim vivia nessa relação conflituosa. Um dia ela apanhava, no outro ele dava comida na boca, fazia massagem nos pés… isso a confundia”, explica Caroline. Em 2023 a vítima conseguiu uma medida protetiva contra o companheiro, mas logo reatou a relação.
Karen desenvolveu quadro depressivo após a perda dos pais e, segundo a irmã, esse fato contribuiu para que ela fosse manipulada por Clodoaldo: “Ele se aproveitava disso e conseguia sempre a manipular com esse falso amor”.
A analista foi lembrada durante o velório como sendo uma pessoa alegre, descontraída e sociável. “A minha irmã era alegre, descontraída. Por eu ser mais tímida, ela conseguia me socializar. Era muito inteligente também, passou para 16 concursos. Uma pessoa brilhante”.
Por: Thalita Queiroz
O DIA