Motoristas de aplicativo realizam protesto contra regulamentação trabalhista da categoria.
Protesto, que conta com centenas de veículos, acontece próximo ao Aeroporto Santos Dumont
Protesto, que conta com centenas de veículos, acontece próximo ao Aeroporto Santos Dumont Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
Rio – Motoristas de aplicativo realizam uma manifestação, nesta terça-feira (26), contra o projeto de lei proposto pelo governo federal que cria um pacote de direitos trabalhistas para a categoria. O protesto, que conta com centenas de veículos, acontece próximo ao Aeroporto Santos Dumont. O grupo ocupa duas faixas da Avenida Infante Dom Henrique, altura do Monumento dos Pracinhas, na Zona Sul do Rio. Segundo o Centro de Operações (COR), o fluxo é intenso na região.
Os motoristas saíram dos carros para protestar segurando faixas e cartazes com dizeres: “Nós motoristas somos contra a PL 12/2024” e “Queremos tarifas justas por km/min”. A Guarda Municipal, Polícia Militar e CET-Rio acompanham a manifestação.
A paralização, organizada pela Federação dos Motoristas por Aplicativos do Brasil (Fembrapp), ocorre em todo o país e busca chamar atenção para as preocupações dos motoristas em relação à regulamentação proposta. O projeto de lei que cria direitos trabalhistas para motoristas de aplicativos foi recebido com uma série de críticas por grupos que representam a classe.
O PL 12/2024 cria a figura do “trabalhador autônomo por plataforma”, não prevê vínculo empregatício entre motorista e empresas, estipula um valor mínimo para remuneração por hora de corrida, inclui os motoristas obrigatoriamente de contribuição para a Previdência Social e determina a negociação via acordos coletivos.
A principal crítica entre os trabalhadores da categoria é que o PL estabelece o valor mínimo de R$ 32,09 por hora trabalhada, enquanto limita o tempo de trabalho máximo por dia. De acordo com dados da StopClub, startup que oferece ferramentas de segurança e performance financeira para os motoristas de aplicativo, este já é o valor médio recebido pelos motoristas hoje.
Os dados mostram que o custo diário de um motorista gira em torno de R 150,58 por dia trabalhado ou R 16,13 por hora on-line nos aplicativos. Considerando que o motorista fica 60% do tempo on-line em viagem, seu custo é de R 26,88 por hora trabalhada.
Para os motoristas, o valor mínimo estabelecido não é o suficiente para cobrir os custos de manutenção e utilização de um carro. Eles temem também que as plataformas ajustem os ganhos aos trabalhadores para pagar apenas o mínimo exigido pelo governo, ou seja, que transformem o piso proposto num teto de remuneração. Outro ponto a se destacar é que o PL não considera o custo do quilômetro rodado, diferente da regulamentação dos taxistas. Isso pode criar situações em que uma corrida gere prejuízos ou nenhum lucro ao motorista.
O DIA