Um dia após sequestro, passageiros retornam à rodoviária para tentar chegar aos destinos.
Quem passou no terminal nesta quarta-feira relatou apreensão e cobrou reforço na segurança.
Thaynara Permanhani, 20, e Rafael Viana, 36, tentam retornar a Ouro Branco (MG) após viagem de trabalhoBeatriz Perez/ Agência O DIA
Rio – Um dia após o sequestro de um ônibus na Rodoviária do Rio que aterrorizou passageiros e deixou um homem ferido em estado grave, o terminal funcionou com normalidade nesta quarta-feira (13). Passageiros que perderam a viagem por conta da violência, retornaram para remarcar o embarque. A porta-voz da concessionária que administra a rodoviária, Beatriz Lima, afirmou que a empresa gostaria que um detector de metais fosse implementado, mas a operação do equipamento depende de convênio com a Polícia Militar.
Um professor que iria ontem para Macuco, no interior do Rio, foi um dos passageiros que correu pelo salão da rodoviária, quando ouviu disparos. Nesta manhã, ele que prefere não se identificar, conseguiu reaver sua passagem para finalmente chegar ao destino.
“Vieram policiais correndo e começou o tiroteio. Todos ficaram sem saber pra onde correr. Eu consegui sair pela escada de emergência”, lembrou o professor que ainda sentia-se assustado ao retornar à rodoviária.
A aposentada Teresa Carvalho de Araújo, 75, mora em Saquarema, na Região dos Lagos, e veio ao Rio para visitar os filhos. Ela foi impedida de voltar para casa na terça-feira à noite e também conseguiu remarcar a viagem para a manhã desta quarta-feira.
“Não cheguei até aqui ontem. Eu estava na Avenida Brasil, minhas filhas começaram a me ligar desesperadas para voltar para a Ilha do Governador que o bicho tava pegando”, contou a aposentada que ficou nervosa com o episódio.
Outra dupla que foi impedida de retornar para casa foi a estagiária Thaynara Permanhani, 20, e o analista de suprimentos Rafael Viana, 36, eles vieram de Ouro Branco (MG) para um evento profissional no Rio e se sentiram frustrados sem conseguir retornar da viagem.
“É uma insegurança porque a gente não sabe se vai conseguir trocar a passagem hoje e a vontade de voltar para casa de estar em casa tranquilo é grande. A gente não sabe se vai dar certo ou se tem que esperar outra remarcação”, contou Thaynara.
O analista Rafael lamentou que já deveriam estar no trabalho, mas ainda não conseguiram deixar o Rio. “A gente veio para o evento da empresa, ocorreu tudo bem, achamos bem receptivos os ambientes da cidade e na hora de ir embora aconteceu isso. Agora essa incerteza de quando voltar para casa, se vai ter vaga no ônibus, o desgaste para remarcar hotel e tentar hospedagem”, desabafou Rafael.
O técnico de enfermagem Luiz Gustavo mora no Rio e nesta quarta-feira (13) viajou de ônibus para Arraial do Cabo, na Região dos Lagos. Apreensivo com o sequestro da véspera, ele gostaria que a segurança das estradas e do entorno fosse reforçada.
“A gente espera que depois de um episódio como esse, a polícia dê um reforço na segurança no local, para a gente se sentir mais seguro. Estou me sentindo muito apreensivo porque uma coisa dessas, quando acontece, pega todo mundo de surpresa, a gente fica muito assustado e não espera que num local como esse possa acontecer algo assim”, avaliou.
A empresária Letícia Knupp, 24, mora em Lisboa, em Portugal, e soube na manhã desta quarta-feira, do episódio do sequestro, enquanto estava em um táxi do aeroporto para a rodoviária, para visitar a cidade em Friburgo, na Região Serrana.
“Eu fiquei um pouco apreensiva. A gente tá indo para casa, fazendo viagem que se programou e um incidente desses deixa todo mundo muito preocupado, como se a qualquer momento pudesse acontecer qualquer coisa”, comentou.
Diante do episódio em que um criminoso baleou um passageiro na rodoviária e sequestrou um ônibus por 3h com 16 reféns, a porta-voz da concessionária Rodoviária do Rio, Beatriz Lima, afirmou que a implementação de um detector de metais depende de que uma equipe da Polícia Militar opere o equipamento 24h por dia. Ela explicou que a equipe de vigilância da concessionária é patrimonial e não tem poder de polícia.
A representante da concessionária frisou que em mais de 30 anos, foi o único episódio de sequestro de ônibus no terminal. “A concessionária promoveu uma série de melhorias na segurança ao longo dos anos, como ampliação das câmeras de monitoramento, e conta com uma equipe de vigilantes patrimoniais. Possuímos também um posto do batalhão de policiamento em áreas turísticas, o BPTur, voltado aos turistas”, finalizou a porta-voz da Rodoviária do Rio.