Lula recebe premiê da Espanha após fracassarem em acordo.
Ambos tentaram alavancar o acordo Mercosul-UE.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebe, nesta quarta-feira (6), em Brasília, a visita oficial do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez. Aliados políticos, Lula e Sánchez se reúnem para discutir a relação entre os países, conflitos em curso, como as guerras na Faixa de Gaza e na Ucrânia, e, sobretudo, como aprofundar negócios bilaterais.
Além de relações entre os países e temas da geopolítica, também estará na pauta a negociação do acordo comercial entre Mercosul e a União Europeia. A visita de Sánchez ocorre depois de ambos fracassarem na tentativa de alavancar politicamente e concluir o acordo no fim do ano passado, quando Brasil e Espanha exerciam as presidências dos blocos temporariamente. O andamento das tratativas é um dos temas da reunião de trabalho.
As divergências se impuseram em novembro, e a França se opôs abertamente à conclusão do acordo, apesar de gestões diplomáticas e políticas. Naquele momento, o Brasil ocupava a presidência temporária do Mercosul – agora nas mãos do Paraguai -, enquanto a Espanha presidia o Conselho da União Europeia, no momento liderado pela Bélgica.
Com a “janela ideal” perdida, Lula chegou a dizer que “o acordo não sairia mais”. Mesmo assim, negociadores retomaram tratativas mais discretamente, embora já tenham indicado que a eleição para o Parlamento Europeu, em junho, impede a evolução e pode até inviabilizar a assinatura e ratificação posterior, caso haja crescimento da representação da direita.
O ambiente político piorou com uma recente onda de protestos de agricultores contrários ao endurecimento da lei ambiental e à entrada de produtos de fora no mercado europeu. Iniciado na França, o movimento teve adesões na Espanha.
O presidente francês, Emmanuel Macron, será o segundo líder político europeu a visitar Lula em março. Ambos receberam Lula nos respectivos palácios presidenciais, em 2021, durante um tour do então ex-presidente pela Europa, depois de ter sido autorizado a deixar a prisão em 2019. O petista já estava em pré-campanha e também viajou à Alemanha e à Bélgica na ocasião.
O governo brasileiro diz que os líderes políticos também “trocarão avaliações sobre temas relevantes da conjuntura regional e global, tais como a crise no Oriente Médio, em particular a grave situação humanitária em Gaza e as perspectivas de avanço de uma solução de dois Estados; o conflito na Ucrânia; e a reforma das instituições de governança global”.
Diplomatas espanhóis afirmam que Sánchez e Lula, ambos de esquerda, desfrutam de uma “sintonia política”. Lula e o PT têm laços políticos históricos com sindicalismo e a esquerda espanhola.
Presidente da Internacional Socialista e secretário-geral do Partido Socialista Operário Espanhol, Pedro Sánchez recebeu Lula em visita à Europa quando o petista deixou a cadeia após os processos da Operação Lava Jato e apoiou Lula nas eleições de 2002 contra Jair Bolsonaro. Ele gravou um vídeo em favor do petista, dizendo que o petista representava “uma voz de abertura ao mundo, esperança e compromisso com a igualdade”.
*AE