Rússia barra imprensa brasileira e internacional em coletiva no RJ.

Chanceler Serguei Lavrov falou apenas a jornalistas russos.

Serguei Lavrov, chanceler russo Foto: Miguel Gutiérrez/EFE/EFEVISUAL

A delegação da Rússia barrou profissionais da imprensa brasileira e internacional de acessarem uma entrevista coletiva do ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, na reunião de chanceleres do G20, no Rio de Janeiro. Homem de confiança do presidente Vladimir Putin, Lavrov autorizou somente o ingresso de jornalistas russos, que em sua maioria viajaram ao Brasil no avião oficial, junto à comitiva diplomática.

A possibilidade de pronunciamento de Lavrov movimentou o Centro de Imprensa do G20. Mais de 100 jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas correram para tentar participar da coletiva. Mas ficaram de fora.

A Rússia sofre pressão também por falta de liberdade de imprensa. O país aparece na posição 164º no ranking de 2023 da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF). A entidade monitora a liberdade do exercício de imprensa e do acesso a informação em 180 países e territórios. A Rússia caiu nove posições em relação a 2022, quando invadiu a Ucrânia.

Segundo a RSF, Putin implementou uma “guerra de propaganda” para difundir o discurso oficial e endureceu a repressão sobre veículos de imprensa independentes, que vêm sendo banidos e declarados “agentes estrangeiros” ou “organizações indesejáveis”.

– Todos os outros estão sujeitos à censura militar – diz a RSF, que contabiliza 29 jornalistas e colaboradores da imprensa presos atualmente em solo russo.

O país invadiu a Ucrânia há dois anos, dando início a uma guerra que mobiliza grande parte da Europa e afeta a economia global. O conflito completa dois anos no próximo sábado (24) e foi tema de debates nas reuniões reservadas, entre os ministros de 30 países e 15 organizações internacionais.

Embora todos os jornalistas russos aguardassem há pelo menos um dia pelo chamado para a entrevista coletiva, um diplomata russo desconversou ao explicar ao Estadão que não poderia autorizar o acesso e a participação de brasileiros. A reportagem do jornal foi retirada do corredor onde os russos aguardavam a entrevista, com auxílio da organização brasileira. Esse diplomata alegou que a comitiva ministerial enviada por Moscou tinha permitido “somente a entrada” da imprensa russa na sala de reuniões da delegação.

Essa não é a primeira vez que os russos usam desse método. Durante a visita de Putin a Brasília, em 2019, para a cúpula do Brics, o governo russo também evitou contatos com a imprensa brasileira. Putin falou somente a jornalistas que o acompanhavam desde Moscou.

*AE

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