Povo reconstrói ponte com menos dinheiro que orçado por governo.

População de Nova Roma do Sul gastou R$ 6 milhões com obra que era orçada inicialmente pelo governo do Rio Grande do Sul entre R$ 20 milhões e R$ 25 milhões.

Ponte construída por moradores de Nova Roma do Sul Foto: Reprodução/TV Globo

A população de uma cidade gaúcha decidiu tomar as rédeas da reconstrução de uma ponte importante para a economia local e entregou a edificação em muito menos tempo e dinheiro do que o projetado originalmente pelo poder público. A construção, que liga as cidades de Nova Roma do Sul e Farroupilha, no Rio Grande do Sul, foi totalmente financiada por moradores de Nova Roma.

A ponte de ferro, datada originalmente de 1930, tinha sido destruída pela enchente de setembro do ano passado. Desde então, sair ou chegar na cidade só era possível por estradas que aumentavam a viagem em pelo menos duas horas ou por uma balsa que parava de funcionar sempre que o Rio das Antas subia.

Diante do transtorno e dos prejuízos causados pela ausência da ponte, os moradores da cidade decidiram criar a Associação Amigos de Nova Roma do Sul. Em menos de quatro meses, a população juntou cerca de R$ 7 milhões, valor superior até mesmo ao orçamento que foi necessário para reconstruir a edificação: R$ 6 milhões. A reinauguração da ponte aconteceu no último sábado (20).

O dinheiro arrecadado foi usado na estrutura que tem mais de 400 toneladas de aço e concreto e também nas obras do entorno da construção. A associação dos amigos da cidade contratou uma empresa de engenharia para fazer a obra.

RIFAS E FESTAS AJUDARAM NA ARRECADAÇÃO
Para chegar ao valor, a população da pequena cidade de cerca de 4 mil habitantes fez o chamado “trabalho de formiguinha”. Segundo o presidente da associação dos moradores de Nova Roma, Tranquilo Tessaro, até mesmo cidadãos desempregados tentaram ajudar com o que podiam.

– Teve pessoas que fizeram Pix de centavos, diziam que estavam desempregados e que no mês seguinte fariam algo mais – relatou.

Só com festas comunitárias beneficentes, os cidadãos arrecadaram mais de R$ 600 mil. Além disso, rifas foram espalhadas por todo o comércio para que a contribuição fosse mais eficiente.

– Os prêmios foram doados pelo pessoal da comunidade e o valor é apenas R$ 10. Daí, quem não tem muitas condições ajuda, nem que fosse R$ 10, já ajuda bastante, né? – explicou a comerciante Dalila Camatti.

PODER PÚBLICO GASTARIA MAIS DINHEIRO E DEMORARIA MAIS
Se o esforço popular fez com que a construção fosse inaugurada em apenas quatro meses após ser destruída e com um orçamento de R$ 6 milhões, o projeto do poder público para a construção de uma ponte que atendesse a cidade de Nova Roma do Sul, por outro lado, levaria muito mais tempo e dinheiro.

Em setembro do ano passado, logo que o local foi destruído, o governo do Rio Grande do Sul informou que pretendia entregar até dezembro de 2024 uma nova ponte. Ou seja, em quase quatro vezes mais tempo do que a população levou para reconstruí-la. O custo inicial era igualmente bastante superior: entre R$ 20 milhões e R$ 25 milhões, quatro vezes maior que o custo popular.

Em dezembro do ano passado, novos valores foram estimados para construir a edificação, mas eles ainda eram maiores do que o custo que acabou sendo concretizado pela população de Nova Roma. A quantia em questão seria de R$ 12,3 milhões, mais que o dobro do valor pago pelos moradores, e a estimativa era de que a verba só seria arrecadada em maio deste ano.

Mesmo com a nova ponte entregue pelos moradores, o governo do Rio Grande do Sul informou que ainda pretende construir outra em Nova Roma do Sul, mas como a que foi feita pelos moradores resolveu os problemas emergencialmente, a obra saiu da lista de prioridades do governo federal.

Por: Paulo Moura

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