Bisneto de Stalin considera ilegal ofensiva militar russa na Ucrânia

Yakov Dzhugashvili disse que autoridades não consultaram população, nem emitiram nenhuma lei sobre a guerra.

Militares russos dirigindo um veículo blindado de transporte de pessoal (APC) em um local não revelado na região de Kherson, Ucrânia Foto: EFE/EPA/RUSSIAN DEFENCE MINISTRY

Yakov Dzhugashvili, bisneto de Stalin, disse, nesta sexta-feira (12), à Agência EFE que a ofensiva militar da Rússia na Ucrânia é ilegal, porque as autoridades não consultaram a população ao enviar tropas para o país vizinho.

– Para que as Forças Armadas participem desta guerra, elas devem ser enviadas ao campo de batalha pelos órgãos estatais russos sob as instruções e em nome do povo russo – disse o descendente do ditador soviético.

Além disso, lembrou que nem a Duma nem o Senado, as duas câmaras do Parlamento russo, emitiram “uma única lei ou disposição legal alusiva à guerra, à Ucrânia ou à operação militar especial”.

Dzhugashvili, que tem o mesmo nome e sobrenome do filho mais velho de Stalin, enfatizou que pouco importa que “uma pessoa interpretando [o presidente Vladimir] Putin tenha anunciado na televisão” o início da operação militar especial (SVO) em 24 de fevereiro de 2022.

– Não há nenhum documento no site do presidente sobre o início da operação militar especial. Portanto, o povo russo não enviou as Forças Armadas para a guerra na Ucrânia, nem diretamente nem por meio de seus poderes estatais – declarou.

Em sua opinião, “dessa forma, os oficiais querem evitar qualquer coisa que possa associá-los à operação militar especial”.

– Por quê? Só tenho uma resposta. Eles querem fugir da responsabilidade prevista no Artigo 353 do Código Penal [planejar, preparar, desencadear ou travar uma guerra de agressão] – argumentou.

O bisneto de Stalin, que está atualmente em Moscou, destacou que esse artigo prevê penas de até 20 anos de prisão.

Ele também lembrou, referindo-se à anexação da península ucraniana da Crimeia, que, em 1° de março de 2014, o Senado russo não teve dúvidas ao especificar para onde e com que finalidade estava enviando tropas.

– E no documento de 22 de fevereiro de 2022 [o Senado] não se atreveu, por quê? Porque em 2014 as ações da Rússia eram legais e, em 2022, não são mais – insistiu.

Dzhugashvili ainda acusou os políticos e a imprensa ocidentais, interessados na derrota da Rússia na guerra, de esconder o fato de que o povo russo não autorizou seu Exército a intervir militarmente na Ucrânia.

– Eles escondem isso do povo russo e do mundo apenas para prolongar essa guerra fratricida pelo maior tempo possível – comentou.

Quanto ao bisavô, afirmou que as autoridades usam o nome de Stalin, da União Soviética e da Grande Guerra Patriótica (1941-45), o episódio soviético da Segunda Guerra Mundial, para fins de propaganda.

De acordo com Dzhugashvili, o objetivo é “convencer o povo russo de que a operação militar especial na Ucrânia é tão justa quanto a Grande Guerra Patriótica”.

*EFE

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