O ex-procurador e ex-deputado federal Deltan Dallagnol apresentou uma notícia-crime contra o deputado federal André Janones (Avante-MG) à Procuradoria-Geral da República (PGR) por um suposto crime de caixa 2.

A denúncia é baseada no áudio em que o parlamentar fala em cobrar de seus assessores da Câmara para que repassem parte dos salários para que ele pague suas despesas pessoais, prática conhecida como rachadinha.

Dallagnol, usando dados da Justiça Eleitoral, percebeu que o valor revelado por Janones na conversa é três vezes maior do que ele declarou nos gastos da campanha. Por isso, ele sugere que houve gastos não registrados.

– Janones diz que perdeu uma casa, no valor de R$ 380 mil, um carro, uma poupança de R$ 200 mil e uma previdência privada de R$ 70 mil, o que nos cálculos dele daria uma perda financeira de R$ 675 mil, que teria sido usada para custear a campanha. Mas é aí que vem o pulo do gato. O pulo do gato é que, segundo o site do DivulgaCand, do Tribunal Superior Eleitoral, o limite de gastos para aquela eleição era de R$ 387.801,41, sendo que o próprio Janones declarou que seu total de despesas foi de apenas R$ 200.566,44. Então, se forem verdadeiras as palavras do próprio Janones, de que gastou R$ 675 mil na campanha para prefeito, há uma hipótese clara de caixa 2 a ser apurada pela PGR, já que ele teria gasto, “por fora”, quase o dobro do limite de gastos oficial, para turbinar sua campanha – explica o ex-procurador da Lava Jato.

Deltan Dallagnol cita o Artigo 350 do Código Eleitoral que caracteriza o crime de caixa 2 como falsidade ideológica. Além disso, o especialista diz que Janones também pode ser enquadrado no crime de abuso de poder econômico, como cita a Lei da Ficha Limpa.

– A última palavra sempre é da Justiça, mas com essa notícia-crime, esperamos que a PGR possa investigar os gravíssimos fatos divulgados hoje para que todos que cometeram crimes sejam punidos, com a devolução aos cofres públicos do que foi roubado da sociedade – declarou.