Brasileiro detém homem que esfaqueou crianças na Irlanda.

“Nem tomei decisão, foi puro instinto”, disse o brasileiro, que trabalha como entregador.

Caio Benício trabalha como entregador na Irlanda Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Cinco pessoas, entre elas dois adultos e três crianças, ficaram feridas em Dublin, capital da Irlanda, nesta quinta-feira (23), depois de serem alvos de um ataque com faca que, segundo a polícia irlandesa, não teve motivação terrorista. O suspeito foi preso pela polícia após ser detido por pedestres que passavam pelo local no momento da ocorrência, entre eles o entregador brasileiro Caio Benicio.

De acordo com a imprensa irlandesa, Caio, de 43 anos, estava passando de moto pelo local quando viu o ataque. Ele imediatamente desceu do veículo e acertou o agressor com seu capacete.

– Nem tomei decisão, foi puro instinto e tudo acabou em segundos. Ele caiu no chão, eu não vi para onde foi a faca, e outras pessoas intervieram – disse ele ao jornal irlandês The Journal.

O episódio ocorreu em frente a uma escola. Segundo a polícia, uma menina de 5 cinco anos e a mulher, na casa dos 30, estão “gravemente” feridas. As outras duas crianças, um menino de 5 anos e uma menina de 6, sofreram ferimentos menos graves. O menino recebeu alta de um hospital.

O suposto agressor, cuja identidade não foi revelada, também está no hospital com ferimentos de faca e está sendo interrogado para esclarecer os motivos da agressão.

– Eu também tenho dois filhos, então tive que fazer alguma coisa. Eu fiz o que qualquer um faria. As pessoas estavam lá, mas não puderam intervir porque ele estava armado, mas eu sabia que poderia usar meu capacete como arma – disse Caio ao jornal da Irlanda.

Segundo o The Journal, Benício se mudou para a Irlanda a trabalho depois que seu restaurante no Brasil pegou fogo. Seus filhos ainda permanecem no país.

Polícia em Dublin durante protestos Foto: EFE/EPA/MOSTAFA DARWISH

PROTESTOS
Logo após o ataque, centenas de pessoas saíram às ruas para protestar, algumas armadas com barras de metal e cobrindo o rosto, e a manifestação foi marcada por diversos incidentes. Algumas pessoas exibiam cartazes que diziam “Irish Lives Matter” (as vidas dos irlandeses importam) e bandeiras do país. O ato foi realizado em um bairro com forte população de imigrantes.

Durante manifestações após ataque, veículos foram incendiados e lojas foram saqueadas. Pelo menos 34 pessoas foram presas após os protestos.

Houve confrontos com a tropa de choque quando alguns manifestantes soltaram foguetes e fogos de artifício, enquanto outros agarraram cadeiras e bancos do lado de fora de bares e restaurantes. Um carro da polícia foi incendiado. Pelo menos 34 pessoas foram presas.

Vitrines de lojas foram quebradas e uma delas foi saqueada. Todos os transportes públicos da cidade foram suspensos e muitas empresas orientaram os seus funcionários a trabalhar a partir de casa nesta sexta (24).

– Não toleraremos que um pequeno grupo use atos atrozes para semear a divisão – afirmou em um comunicado a ministra da Justiça, Helen McEntee, pedindo “calma” aos manifestantes.

– Os ataques contra a polícia deverão ser “condenados” e serão tratados “com severidade” – acrescentou.

O delegado Drew Harris mencionou uma “facção de ultra loucos, movidos por uma ideologia de extrema-direita”.

– Os fatos ainda não estão claros – ressaltou, lamentando os “rumores” e “insinuações” que se propagaram “de forma mal-intencionada”.

– Irlandeses foram atacados por essa escória – disse um indivíduo envolvido na confusão.

Em meio à multidão, alguns mencionaram o homicídio de uma jovem professora, cometido por um eslovaco, que foi condenado recentemente à prisão perpétua.

*AE

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