Em seu terceiro dia, operação maré foca em capturar criminosos no Rio de Janeiro, que teriam fugido para outras comunidades.

As forças de segurança atuam na Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica Pau, além do Complexo do Chapadão e cinco pontos do Complexo da Maré; Até o momento seis fuzis foram apreendidos e nove pessoas foram presas.

Equipes do Bope atuam no Complexo da MaréRafael Campos/Divulgação Governo do Estado

Rio – As forças de segurança do Rio iniciaram na manhã desta quarta-feira (11) o terceiro dia consecutivo da Operação Maré. Desta vez os alvos são o Complexo do Chapadão, as comunidades da Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica Pau, localizadas no Complexo do Israel e a Vila do João, Vila dos Pinheiros, Timbau, Baixa do Sapateiro, Salsa e Merengue, na Maré.  De acordo com o Governo do Estado, essa fase tem como foco a prisão de criminosos que fugiram para outras comunidades, o cumprimento de mandados de prisão e a retomada de territórios.
No Complexo do Chapadão, cinco fuzis foram apreendidos, além de uma pistola glock calibre 9mm e grande quantidade de drogas. Um homem também foi preso com mandado de prisão em aberto por tráfico de drogas e outros cinco em flagrante.
Durante a manhã, tiroteios foram registrados na Vila do João, altura da Linha Amarela, e na Vila do Pinheiros, ambas no Complexo da Maré. Ainda na região, outras três pistolas foram apreendidas e mais três pessoas foram presas. Na Cidade Alta, no Complexo de Israel, mais um fuzil foi apreendido.

De acordo com o secretário da Polícia Civil, José Renato Torres, a ação ocorre em diversas regiões justamente devido a migração de criminosos de uma comunidade para a outra. Cerca de 1000 agentes das forças de segurança do estado atuam na megaoperação desde segunda-feira (9).

“Criminosos não ficam dentro de casa aguardando a presença da polícia. Vão migrando de uma comunidade para outra. Por isso, estamos fechando o cerco” afirmou o secretário.
O Chapadão atualmente é dominado pela facção Comando Vermelho (CV) e abrange os bairros de Guadalupe, Anchieta, Costa Barros, Pavuna e Ricardo de Albuquerque. Traficantes da região já entraram em confronto, em diversas ocasiões, com criminosos do Terceiro Comando Puro (TCP) que dominam o Complexo da Pedreira, que abrange os bairros de Barros Filho, Coelho Neto, Parque Colúmbia, Costa Barros e Pavuna.

No Complexo da Pedreira, durante o segundo dia da ação, um adolescente foi apreendido acusado de participar da explosão de um ônibus na Avenida Brasil, que deixou três passageiros feridos no fim de setembro. As duas regiões vivem intensos conflitos devido a disputa de território entre criminosos rivais.

A Operação Maré ocorre em virtude das investigações da Polícia Civil que apontaram criminosos fortemente armados e com táticas de guerra nas comunidades, além da morte dos três médicos que ocorreu na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, na última semana.
A ação é a maior já realizada com uso de tecnologia, aliada à inteligência e investigação. Equipamentos como drones com câmeras que fazem mapeamento de áreas em 3D e uma câmera com zoom de longo alcance são utilizados e têm capacidade de reconhecimento facial e identificação de placas de veículos.
Até o momento, em dois dias de operação, já foram contabilizados R$ 18 milhões de prejuízo para as organizações criminosas.
“Nossa maior ação de combate às máfias com uso de tecnologia, aliada à inteligência e à investigação está com resultados positivos. Até ontem, já causamos um prejuízo de pelo menos R$ 18 milhões às facções criminosas. Estamos libertando os moradores da ação do tráfico e da milícia. Isso é o mais importante” declarou o governador Cláudio Castro.
segundo dia da operação ocorreu em oito comunidades da Maré dominadas pelo Terceiro Comando Puro (TCP): Baixa do Sapateiro, Nova Maré, Bento Ribeiro Dantas, Conjunto Pinheiro, Vila do Pinheiro, Salsa e Merengue, Vila do João e Conjunto Esperança , além do Complexo da Pedreira, na Zona Norte, e da Cidade de Deus, na Zona Oeste.
Durante a ação, uma área de lazer transformada em um centro de treinamento para o tráfico foi devolvida à comunidade. O local conta com piscina olímpica, campo de futebol e até área de churrasco coberta. Segundo investigações da Polícia Civil, o espaço, que fica na Vila do João, era usado por lideranças criminosas, suas famílias e convidados, além de reuniões da facção e treinamentos operacionais de traficantes.
Ainda na operação, os agentes localizaram dois galpões usados por criminosos para desmanche e clonagem de veículos, além de duas estufas com plantação de maconha na Vila do Pinheiro e na Vila do João. Nas ações, três suspeitos foram presos, sendo um deles na Cidade de Deus, na Zona Oeste.
Uma das estufas de maconha foi encontrada na Vila dos Pinheiros, Complexo da Maré. A outra, localizada pela Delegacia de Repreensão a Entorpecentes (DRE), foi encontrada em casa de dois andares na Vila do João, ambas no Complexo da Maré, causando prejuízo de cerca de R$ 2,5 milhões à facção criminosa.
Agentes das forças de segurança realizaram ainda a retirada de 10 toneladas de barricadas da região.
O Centro de Operações Especiais e Bope também apreendeu, durante incursão na Vila do Pinheiro, Timbau e Baixa do Sapateiro, três fuzis, uma carabina calibre 12 e uma réplica de metralhadora ponto 50. Nos galpões, 65 veículos recuperados.

Primeira fase da operação

No primeiro dia da operação que ocorreu nesta segunda-feira (9) houve a prisão de nove criminosos, sendo seis com mandados de prisão em aberto e três em flagrante. Dentre eles, o PM Yuri Luiz Desiderati Ribeiro, de 36 anos, que foi preso em um caminhão na Avenida Brasil com 151 quilos de cocaína durante a operação no Complexo da Maré.
Além disso, foi apreendido 100kg de pasta base de cocaína em um galpão perto da Vila Cruzeiro, na Penha, e mais de meia tonelada de maconha e drogas sintéticas no Complexo da Maré. Entre as drogas apreendidas foram encontradas ainda embalagens descritas como fentanil, substância é 50 vezes mais potente do que a heroína e mais forte que a morfina, que é responsável por grande parte das 100 mil mortes por overdose que ocorreram nos EUA em 2022.

Na região ainda foram retiradas de 14 ruas 29 toneladas de barricadas. Dentre o armamento apreendido havia 1 fuzil 7.62, uma arma falsa, dezenas de artefatos explosivos e diversos rádios comunicadores e 33 veículos, entre motos e carros.

Redação O Dia

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