Polícia faz operação na Vila Cruzeiro, na Penha, em resposta à morte de médicos na BarraReginaldo Pimenta / Agência O Dia

Rio – O delegado José Renato Torres, secretário de Estado de Polícia Civil, disse, na manhã desta segunda-feira (9), que as megaoperações realizadas nos Complexos da Penha e Maré, na Zona Norte do Rio, e na Cidade de Deus, Zona Oeste, servem para prender integrantes do Comando Vermelho (CV) envolvidos em disputas territoriais, além de encontrar suspeitos de participar na execução de três médicos na Barra da Tijuca. Contudo, de acordo com Torres, outras organizações também serão procuradas.

“A Polícia tem uma operação específica para cada momento. Hoje, temos uma facção criminosa que está tentando expandir território, gerando conflitos com outras organizações, trazendo uma certa instabilidade na segurança. O foco é voltado a elas. Todos serão atacados da mesma forma e ninguém ficará impune. Nesse primeiro momento estamos pacificando o território”, explicou o delegado.

Os agentes buscam cumprir 100 mandados de prisão. Os principais alvos são integrantes do Comando Vermelho (CV), entre eles estão Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha, e Edgar Alves de Andrade, o Doca, considerados líderes da facção. Um dos principais procurados nesta segunda é Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, o BMW, que teria participado do ataque aos médicos na Barra. A principal tese da investigação é que o ortopedista Perseu Almeida tenha sido confundido com o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa.
Em coletiva realizada no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), no Centro do Rio, o secretário de Estado de Polícia Civil contou que as operações usam um grande número de tecnologia como drones e câmeras de reconhecimento facial.

“Não temos um rescaldo ainda, mas é para cumprimento de mais de 100 mandados de prisão. A grande diferença dessas operações é o emprego de muita tecnologia. Nós temos seis drones voando, temos câmeras de reconhecimento facial. Todos os integrantes dessa facção criminosa que tem mandado de prisão são alvos dessas operações. Uma atividade de inteligência detectou a migração dos chefes dessa organização criminosa a esses redutos. Decidimos aumentar o nosso escopo de atuação”, explicou.Durante a ação na Vila Cruzeiro, dois helicópteros foram atingidos por tiros. Um desses veículos, da Polícia Civil, teve que fazer um pouso forçado na região. Um agente foi atingido por estilhaços, mas o ferimento não foi grave.

As operações são realizadas por mil agentes do Batalhão de Policiais Especiais (Bope), da Polícia Militar, e da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil, com uso de blindados e helicópteros.

Até o momento, nove pessoas foram presas, sendo seis com mandado de prisão em aberto e três em flagrante. Dois laboratórios de drogas e artefatos explosivos foram descobertos e 16 veículos foram recuperados.
Armas e entorpecentes também foram apreendidas depois de serem encontradas enterrados perto da Escola Municipal Vereadora Marielle Franco, na Maré. De acordo com o Governo do Rio, foram apreendidos cerca de 100 kg de pasta base de cocaína, mais de meia tonelada de maconha e drogas sintéticas, um fuzil 7.62 e um simulacro, dezenas de artefatos explosivos e carregadores, centenas de munições de diversos calibres radiocomunicadores. O governo informou também que 29 toneladas de barricadas retiradas da Maré.
Alteração na saúde e educação

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), as clínicas da família Rodrigo Y Aguilar Roig, no Complexo do Alemão, Klebel de Oliveira Rocha, em Olaria, e Ana Maria Conceição dos Santos Correia, na Vila Kosmos, mantêm o atendimento à população. Apenas as atividades externas realizadas no território, como as visitas domiciliares, estão suspensas. Todas as unidades ficam próximas à Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha.

Na região do Complexo da Maré, as clínicas da família (CF) Jeremias Moraes da Silva, Augusto Boal, Adib Jatene e Diniz Batista dos Santos, e o Centro Municipal de Saúde (CMS) Vila do João acionaram o protocolo de acesso mais seguro e, para segurança de profissionais e usuários, suspendeu o funcionamento na manhã desta segunda-feira (9).

Já a CF José Neves e o CMS Hamilton Land, na região da Cidade de Deus, mantêm o atendimento à população. Apenas as atividades externas realizadas no território, como as visitas domiciliares, estão suspensas.

A Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que, até o momento, 41 unidades escolares foram impactadas, afetando 13.799 alunos, no Complexo da Maré; na Vila Cruzeiro, 16 unidades escolares foram impactadas, afetando 4.757 alunos; na Cidade de Deus, 7 unidades foram impactadas, e 1.842 alunos estão em atendimento remoto. Duas unidades tiveram horário de entrada adiado na região. As demais funcionam em atendimento presencial.

 
Redação O Dia