Na defensiva, Secom publica nota sobre empréstimo à Argentina.

Governo alega que não há intenção de “prejudicar Javier Milei”.

Lula e Alberto Fernández, atual presidente da Argentina Foto: EFE/ Juan Ignacio Roncoroni

A Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência divulgou nota, nesta quarta-feira (4), para dizer que o empréstimo de 1 bilhão de dólares (R$ 5,15 bilhões), feito pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) à Argentina teve como único objetivo “ajudar o país com escassez de reservas”.

A informação sobre o empréstimo-ponte concedido à Argentina para que o Fundo Monetário Internacional (FMI) pudesse liberar um desembolso de 7,5 bilhões de dólares (R$ 38,56 bilhões) ao país vizinho foi revelada pelo Estadão. O Brasil agiu porque, a rigor, o país vizinho não poderia mais ter acesso aos recursos, uma vez que já havia esgotado o limite de crédito.

A nota da Secom diz que “diferentemente do que vem sendo repercutido” (pela imprensa), o empréstimo não teve intervenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O comunicado afirma, ainda, que Lula não conversou sobre o empréstimo com a ministra do Planejamento, Simone Tebet. Segundo revelou a colunista Vera Rosa, Tebet deu aval à operação após pedido do presidente. A ministra é governadora do Brasil no CAF.

Depois da publicação da notícia, começaram a ser veiculadas no X, ex-Twitter, mensagens com a hashtag #impeachment, por causa da atuação do presidente brasileiro para ajudar a Argentina.

O contato do Palácio do Planalto com Tebet ocorreu no fim de agosto, às vésperas da visita do ministro da Economia, Sergio Massa, nome apoiado pelo presidente Alberto Fernández para a sua sucessão. Partiu do gabinete do ex-chanceler Celso Amorim. Ele despacha no terceiro andar do Planalto, perto do gabinete do presidente, e atua hoje como assessor especial de Lula para a área internacional.

O empréstimo-ponte do CAF não é ilegal e passou pelo crivo de 21 países-membros do banco. O que incomodou o Planalto, porém, foi a notícia da interferência do presidente para destravar a operação, criticada pelo candidato à Casa Rosada, Javier Milei, nas redes sociais. Em postagem publicada no X, Milei disse que “comunistas furiosos” estavam agindo contra ele em seu espaço. Era uma referência a Lula.

Oficialmente, o governo brasileiro afirma que não age para ajudar nem barrar o avanço de qualquer concorrente na eleição da Argentina, marcada para o próximo dia 22. Massa é o candidato do peronismo e esteve no Ministério da Fazenda e no Planalto no dia 28 de agosto.

*AE

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