Igrejas cristãs são incendiadas no Paquistão após suposta blasfêmia.

Agressores também vandalizaram casas de cristãos, fazendo-os fugir da cidade.

Cenas da destruição em igrejas Foto: Reprodução / Prints de vídeo / Twitter / Alerta Mundial

Várias igrejas foram incendiadas nesta quarta-feira (16) em Faisalabad, no nordeste do Paquistão, depois que os moradores locais acusaram um jovem pertencente à minoria cristã de cometer blasfêmia, uma acusação grave no país.

Uma multidão incendiou locais de culto, disse à Agência EFE o porta-voz da polícia da área de Jaranwala, Mohammed Naveed, “em resposta” às acusações de blasfêmia que foram amplificadas em algumas mesquitas do bairro.

Segundo a fonte, os agressores também vandalizaram casas pertencentes a cristãos, fazendo com que alguns membros desta minoria fugissem da cidade, cerca de 2,6 milhões de pessoas ou 1,27% da população do Paquistão, de acordo com o último censo.

O jovem cristão “foi acusado de rasgar as páginas do sagrado Alcorão e escrever palavras blasfemas contra o profeta Maomé”, acrescentou Naveed.

Diante da impossibilidade da polícia controlar a multidão, as autoridades alegaram ter acionado a unidade policial militarizada Rangers.

A espessa fumaça liberada pelos móveis queimados em frente a uma modesta igreja, diante do olhar de dezenas de jovens, foi uma das imagens do dia de violência contra a minoria cristã, lamentou o presidente da igreja do Paquistão, bispo Azad Marshall, na rede social Twitter.

– Me faltam palavras enquanto escrevo isto. Nós, bispos, padres e pessoas comuns, estamos profundamente feridos e tristes – disse Marshall, que acusou multidões de “profanar” bíblias e “torturar e assediar” cristãos falsamente acusados.

 

O chefe da igreja paquistanesa pediu intervenção imediata das autoridades para acabar com a violência, enquanto a polícia paquistanesa abriu um processo contra dois jovens cristãos por danificar o Alcorão e insultar o profeta Maomé.

O crime de blasfêmia foi estabelecido nos tempos coloniais britânicos e endurecido pelo ditador Mohamed Zia-ul-Haq na década de 1980 e acarreta em pena de morte no Paquistão, embora ninguém jamais tenha sido executado por isso.

No caso mais conhecido de blasfêmia do Paquistão contra um membro da minoria cristã, Asia Bibi foi condenada à morte em 2010, mas foi finalmente absolvida pela Suprema Corte em 2018, provocando protestos em massa.

As acusações de insulto ao Islã levam muitas vezes a ataques e linchamentos contra os supostos culpados.

Este foi o caso em fevereiro, quando uma multidão invadiu uma delegacia de polícia no leste do Paquistão e espancou até a morte um homem acusado de profanar o Alcorão.

*EFE

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