Belarus faz exercícios militares na fronteira com países da Otan.

País chama exercícios de “operação militar especial”, mesmo termo que Rússia usa para sua guerra na Ucrânia.

Alexander Lukashenko, presidente de Belarus
Alexander Lukashenko, presidente de Belarus Foto: EFE/EPA/MIKHAIL KLIMENTYEV / KREMLIN POOL / SPUTNIK

O Ministério da Defesa de Belarus afirmou que começou a realizar exercícios militares na fronteira com a Polônia e a Lituânia nesta terça-feira (8). O titular da pasta, Viktor Khrenin, apontou que os exercícios que começaram nesta semana são baseados em experiências da “operação militar especial” – o mesmo termo que a Rússia usa para sua guerra na Ucrânia.

Khrenin afirmou que os exercícios incluem o “uso de drones, bem como a interação próxima de unidades de tanques e fuzis motorizados com unidades de outros ramos das forças armadas”.

Os exercícios militares estavam ocorrendo na região de Grodno, perto do chamado Suwalki Gap – um trecho de terra pouco povoado de 96 quilômetros ao longo da fronteira polaco-lituana. O trecho liga os três países bálticos com o restante da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e separa Belarus de Kaliningrado, um enclave russo fortemente militarizado no Mar Báltico que não tem conexão terrestre com a Rússia.

Analistas militares no Ocidente há muito veem o Suwalki Gap como uma área potencial de conflito em qualquer confronto entre a Rússia e a Otan.

TROPAS
A Polônia anunciou que deve enviar mais tropas do exército para reforçar a fronteira do país com Belarus. A Guarda da Fronteira polonesa havia solicitado um reforço de mais mil soldados para a região de fronteira entre Varsóvia e Minsk.

O anúncio ocorre uma semana após as declarações do primeiro-ministro do país, Mateusz Morawiecki, de que membros do Grupo Wagner estariam chegando perto da fronteira com a Polônia.

Após o motim organizado pelo chefe do Grupo Wagner, Ievgeni Prigozhin, que foi abafado por um acordo entre o chefe do grupo mercenário, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, as operações do Grupo Wagner foram transferidas para Belarus.

PREOCUPAÇÃO
A Otan está cada vez mais preocupada com a presença de mercenários do grupo Wagner ligados à Rússia em Belarus. Polônia, Lituânia e Letônia – membros da aliança militar e da União Europeia que fazem fronteira com a Belarus – já estavam em alerta desde que um grande número de migrantes e refugiados começou a chegar às suas fronteiras com Belarus.

Eles acusaram Lukashenko, um aliado da Rússia, de abrir a rota de migração em um ato de “guerra híbrida” destinada a criar instabilidade no Ocidente.

Um incidente nesta terça-feira, aumentou ainda mais as preocupações, com a entrada de dois helicópteros de Belarus no espaço aéreo polonês.

O Ministério da Defesa da Polônia relatou o incidente à Otan, que afirmou nesta quarta (9) que está monitorando a situação.

– A Otan está acompanhando de perto a situação ao longo de suas fronteiras orientais, incluindo o incidente de ontem, quando dois helicópteros militares de Belarus cruzaram brevemente o espaço aéreo polonês em baixa altitude. Estamos em contato próximo com as autoridades polonesas sobre este assunto e continuaremos a fazer o que for necessário para garantir que todo o território da Aliança permaneça seguro – disse um oficial da Otan sob condição de anonimato.

*AE

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