Bruxelas: Lula diz que Venezuela “está cansada” e “quer solução”
Presidente defendeu fim das sanções impostas pelos EUA caso haja eleições livres na Venezuela.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quarta-feira (19), que o governo e a oposição na Venezuela estão cansados “depois de tanto tempo de briga” e querem encontrar uma solução que passe por pactuar as condições e a data das eleições para que então possam ser suspensas as “absurdas” sanções impostas pelos Estados Unidos.
– Sinto que depois de tanto tempo de briga, todo mundo está cansado. Todo mundo. Eu sinto que a Venezuela está cansada. O povo quer encontrar uma solução – disse Lula em entrevista coletiva em Bruxelas para avaliar os resultados da cúpula entre a União Europeia (UE) e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
Lula e os presidentes de Argentina, Alberto Fernández; Colômbia, Gustavo Petro; e França, Emmanuel Macron; assim como o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, realizaram uma reunião no primeiro dia da cúpula com a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, e com o negociador-chefe da opositora Plataforma Unitária, Gerardo Blyde.
Após essa reunião, a compreensão a que chegaram é de que “a situação da Venezuela vai ser resolvida quando os partidos na Venezuela, junto com o governo, chegarem à conclusão da data da eleição e chegarem à conclusão das regras que vão estabelecer as eleições”, destacou Lula, que ainda não havia se pronunciado sobre o encontro.
– E, com base nisso, o compromisso de que as punições impostas pelos Estados Unidos comecem a cair. Sanções absurdas, em que a Venezuela não pode mais lidar com dinheiro seu que está nos bancos de outros países. Se eles se entenderem com relação às regras e às datas das eleições, eu acho que nós temos autoridade moral de pedir o fim das sanções. É isso – completou o presidente.
Segundo Lula, “as pessoas que estavam lá saíram felizes com o resultado da reunião”.
– Eu gostei da reunião. Eu não esperava resultado da reunião. Eu esperava que a gente tivesse a compreensão de que a solução dos problemas da Venezuela é uma questão do povo venezuelano – opinou.
Uma série de circunstâncias o levaram a concluir que o governo e a oposição na Venezuela estão perto de chegar a um acordo.
– Porque é bom você brigar um mês, dois meses, três meses, dois anos, três anos, quatro anos, mas a vida inteira? Então eu acho que nós estamos chegando nesse clima – acrescentou.
Em suas conclusões da cúpula, a UE e a Celac encorajaram o governo venezuelano e a oposição a se engajar em um diálogo “construtivo” para facilitar um acordo entre as duas partes antes das eleições de 2024.
A Nicarágua foi o único país entre os 60 participantes a não assinar a declaração final da cúpula, devido a discrepâncias sobre a inclusão de um ponto em que os dois blocos expressam sua “profunda preocupação” com “a guerra contra a Ucrânia”.
*EFE
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