36 dias: Lula passa 18% do novo mandato em viagens ao exterior
Governo justifica série de viagens dizendo que elas visam reinserir país no cenário internacional.
No poder há pouco mais de seis meses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou 36 dias de seu mandato em viagens ao exterior. Nesse período, ele esteve em 15 países espalhados por quatro continentes. No total, foram dez viagens internacionais, que contrastam com a rotina do seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), que, nos seis primeiros meses de governo, em 2019, esteve em seis países.
As estadias do presidente chamam atenção pelos hotéis dispendiosos para os cofres públicos, como o cinco estrelas Steigenberger Wiltcher’s, onde ele e sua comitiva estiveram na viagem à Bélgica nos dias 18 e 19 agora, deste mês. Esses dois dias de hospedagem custaram R$ 435.156,06 ao pagador de impostos.
Em Madri, na Espanha, no mês de maio, os gastos com estadia do presidente e sua equipe chegaram a cerca de R$ 850 mil, segundo a revista Veja. Em Londres, Inglaterra, também em maio, a despesa chegou a R$ 1,19 milhão.
Até o momento, neste novo governo, Lula visitou a Argentina, o Uruguai, os Estados Unidos, a China, os Emirados Árabes, Portugal, Espanha, Reino Unido, Japão, Itália, Vaticano, França, Colômbia, Bélgica e Cabo Verde.
A justificativa do governo federal para tantas viagens é a necessidade de priorizar a política externa e reinserir o Brasil no cenário internacional.
Apesar de conquistas como assinatura de acordos de cooperação e investimentos para o Fundo Amazônia, o petista vem escorregando e colecionando algumas gafes internacionais, especialmente no que diz respeito à geopolítica da guerra na Ucrânia e às ditaduras de países amigos do petista, como a Venezuela.
SAIAS-JUSTAS
Por exemplo, em uma de suas viagens recentes, realizada nos dias 18 e 19 para Bruxelas, onde o petista participou da cúpula entre a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia, o presidente protagonizou polêmica junto do líder do Chile, também de esquerda, Gabriel Boric.
Na ocasião, Lula disse que o seu homólogo chileno é “sequioso” e “apressado” ao criticar países que se recusam a condenar a invasão da Rússia à Ucrânia. O petista foi além e insinuou que trata-se de inexperiência política.
– Eu não tenho por que concordar com o Boric, é uma opinião dele. Foi extraordinária a reunião. Provavelmente a falta de costume de participar dessas reuniões faz com que um jovem seja mais sequioso, mais apressado, mas as coisas acontecem assim – declarou Lula, em coletiva nesta quarta-feira (19).
Boric, por sua vez, respondeu que possui respeito e carinho pelo líder brasileiro, mas que essa é uma guerra de “agressão inaceitável” e que “nenhuma potência pode passar por cima do direito internacional”.
Em reunião no Brasil com presidentes da América do Sul em maio, Lula e Boric também divergiram sobre a Venezuela. O petista veio fazendo declarações em defesa de Nicolás Maduro e chegou a recebê-lo com pompa e honrarias um dia antes do encontro com os líderes latinos. Entre declarações polêmicas feitas posteriormente sobre o país, Lula chegou a dizer que a “democracia é relativa” e citou que a Venezuela possui mais eleições que o Brasil.
O petista também despertou insatisfação dos países da Otan após criticá-los durante viagem à China, em abril. À época, ele acusou os Estados Unidos e a União Europeia de ajudarem a postergar a guerra ao enviar armas para defender a Ucrânia e também chegou a equiparar o país agressor ao agredido, indicando que ambos tinham interesses no conflito.
Por: Marcos Melo
PLENO.NEWS