Oposição protocola pedido de impeachment contra Barroso
Documento assinado por 83 parlamentares mira fala do ministro envolvendo a “derrota do bolsonarismo”.
Como prometido, a oposição protocolou, nesta quarta-feira (19), um pedido de impeachment e também de investigação contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, por sua fala envolvendo a “derrota do bolsonarismo”. O documento possui a assinatura de 70 deputados e 13 senadores.
Em coletiva de imprensa na manhã desta quarta para tratar sobre o tema, o líder da oposição na Câmara, deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), declarou que trata-se de um “crime continuado” por parte do ministro, que vem demonstrando “seu desprezo pelo equilíbrio e independência entre os Poderes”.
Para Jordy, entretanto, a fala recente do magistrado é o ato mais grave em seu histórico, pois com ela o ministro teria deixado claro que “tem um lado”. O parlamentar lembrou ainda que, Barroso já havia dito que o STF se tornou um “poder político”.
– Isso conflita com a lei do impeachment e a nossa Constituição, que deixa claro que é vedado, crime de responsabilidade, um ministro do Supremo exercer atividade político-partidária. (…) Ele estava em um evento político, da UNE (União Nacional dos Estudantes), ao lado de um membro do governo, que é o ministro da Justiça, Flávio Dino, e de um governista, o deputado Orlando Silva, e fez aquela declaração infeliz que fere de morte a lei do impeachment, a nossa Constituição e nossa democracia – assinalou Jordy.
O deputado seguiu destacando que “não está entre as atribuições de um ministro do Supremo derrotar ninguém e sim zelar e guardar nossa Constituição”.
– Se ele quer derrotar alguém que seja nas urnas, mas então tem que ser candidato – acrescentou o deputado.
A FALA DE BARROSO
A declaração do ministro foi feita após ele receber vaias de um grupo ligado a profissionais da área de enfermagem, enquanto discursava em congresso da UNE. Durante o evento, o magistrado disse: “Nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”.
Após a fala repercutir mal, inclusive entre seus pares no STF, Barroso afirmou que se referia ao “extremismo golpista e violento que se manifestou no 8 de janeiro e que corresponde a uma minoria”.
– Jamais pretendi ofender os 58 milhões de eleitores do ex-presidente [Jair Bolsonaro] nem criticar uma visão de mundo conservadora e democrática, que é perfeitamente legítima – disse o ministro, que atualmente é vice-presidente do STF.
Por: Thamirys Andrade
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