Lula cancela jantar com príncipe saudita do caso das joias
Encontro com o príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman seria nesta sexta-feira, em Paris.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cancelou, com poucas horas de antecedência, nesta sexta-feira (23), um jantar oferecido nos arredores de Paris pelo príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed Bin Salman Al Saud.
Segundo a Presidência, o motivo foi a extensão das agendas de Lula em Paris e o cansaço físico. A equipe do cerimonial telefonou para os sauditas para agradecer pela homenagem, e pedir desculpas pelo cancelamento. Lula deixou em aberto a possibilidade de novo encontro, assim que houver oportunidade.
MBS, como o príncipe é conhecido, foi acusado de ordenar o assassinato do jornalista Jamal Ahmad Khashoggi, crítico ao regime de sua família, a Casa de Saud, num consulado do país na Turquia, em 2018. Lula se encontraria com o poderoso príncipe saudita um dia depois de reclamar de falta de solidariedade com o jornalista Julian Assange.
O encontro era considerado delicado politicamente por integrantes do governo e repercutia mal nas redes sociais. O presidente francês, Emmanuel Macron, sofreu fortes críticas por ter recebido bin Salman na semana passada.
Lula iria à uma residência dos Saud com a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, e havia convidado o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para o encontro, por causa do poder de investimentos de fundos soberanos sauditas.
A Presidência não havia informado o local exato do banquete. A agenda dizia apenas Residência Oficial do Reino da Arábia Saudita em Paris, mas não se tratava da Embaixada ou do consulado do país. Fontes do governo falaram que a casa era privada, distante do centro de Paris, a cerca de uma hora de distância em carro.
A residência dos sauditas é o Château Luís XIV, castelo construído em Louveciennes, por um primo de Jamal Khashoggi. A propriedade é chamada de a mais cara do mundo e teria custado a MBS cerca de US$ 300 milhões, em 2015.
O líder saudita é o mesmo que presentou, em 2021, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) com um kit de joias. O estojo era composto por um relógio com pulseira em couro, par de abotoaduras, caneta rosa gold, anel e um masbaha (uma espécie de rosário islâmico) rose gold, todos da marca suíça Chopard. Em março deste ano, o conjunto foi devolvido à Presidência da República.
*Com informações da AE
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