Ao lado de Macron, Lula critica “ameaça” em proposta da UE

Lula desaprovou estado das negociações do acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul.

Premiê chinês, Li Qiang, presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e presidente da França, Emmanuel Macron Foto: EFE/EPA/Lewis Joly

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou, nesta sexta-feira (23), em Paris sobre o estado das negociações do acordo de livre-comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul – ao qual países como a França colocam muitos obstáculos – e criticou que haja “ameaças” entre blocos que deveriam ser parceiros estratégicos.

Durante seu discurso de encerramento da Cúpula para um novo pacto financeiro global – iniciativa promovida pelo presidente francês, Emmanuel Macron -, Lula enfatizou que está “doido para fechar um acordo” com a UE, mas fez ressalvas diante do olhar atento de dois grandes pesos pesados ​​europeus: Macron e o chanceler alemão Olaf Scholz.

– A carta adicional que foi feita pela UE não permite que se faça um acordo. Nós vamos fazer a resposta, e vamos mandar a resposta, mas é preciso que a gente comece a discutir. Não é possível que nós tenhamos uma parceira estratégica e haja uma carta adicional que faça ameaça a um parceiro estratégico – criticou.

Lula se referiu assim ao dispositivo proposto pela UE como condicionante para o acordo que prevê sanções em caso de descumprimento de exigências ambientais.

O presidente chegou a esta questão espinhosa depois de ter lembrado das enormes desigualdades globais e dos desafios enfrentados por países como o Brasil, que combinam o combate à pobreza e ações contra a mudança climática, justamente os eixos centrais desta cúpula de Paris.

– Eu tinha muito orgulho que meu país saiu do mapa da fome e tenho muita tristeza que voltei à presidência, e o Brasil está pior do ponto de vista democrático, porque tinha um fascista governando. Agora temos que refazer tudo que já tínhamos feito para o país voltar a crescer – declarou, em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Entre os grandes desafios, garantiu que a questão da mudança climática não é “secundária”, como demonstra o seu compromisso “de honra” para cumprir a meta de desmatamento zero na Amazônia até 2030.

– É preciso restaurar as terras degradadas, então também teremos que lidar com acordos internacionais, acordos comerciais – afirmou.

CONDIÇÕES “INACEITÁVEIS”
Lula, que será recebido no Palácio do Eliseu logo após o término desta cúpula, já havia anunciado antes de chegar a Paris que conversaria com Macron sobre a situação do acordo UE-Mercosul, por considerar que as condições exigidas neste momento pelos europeus “são inaceitáveis”.

Ele acredita que estas condicionantes penalizam os latino-americanos, especialmente as relacionadas com acordos climáticos, já que “nenhum país respeitou os acordos de Copenhague ou Paris” e “é preciso um pouco mais de flexibilidade” para conseguir um bom acordo para todos.

A França é uma das nações que historicamente mais empecilhos colocou nas negociações, que já duram mais de duas décadas e que vêm ganhando novo fôlego desde a reeleição de Lula.

O acordo UE-Mercosul será um dos temas da cúpula de líderes da UE e da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) nos dias 17 e 18 de julho em Bruxelas.

*EFE

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