Saiba o que é febre maculosa, doença que matou dentista em SP

Doença infecciosa febril aguda transmitida por carrapatos infectados pela bactéria Rickettsia rickettsii, presente principalmente no carrapato-estrela

Saiba o que é febre maculosa, doença que matou dentista em SP

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo confirmou na noite desta segunda-feira (12) que a dentista Mariana Giordano, 36, morreu após contrair febre maculosa. O laudo foi divulgado pelo Instituto Adolfo Lutz.

O resultado das amostras biológicas do piloto de corridas de carros e empresário Douglas Pereira Costa, 42, namorado de Mariana, ainda não saiu. Os dois morreram na última quinta-feira (8).
Entenda como ocorre a febre maculosa e como ela pode levar à morte.

O QUE É FEBRE MACULOSA?

Doença infecciosa febril aguda transmitida por carrapatos infectados pela bactéria Rickettsia rickettsii, presente principalmente no carrapato-estrela. Os carrapatos que transmitem a Rickettsia são chamados de Amblyomma cajennense e são encontrados em todo o território nacional.

Para que haja a transmissão, o carrapato precisa ficar fixado à pele por pelo menos quatro horas. Não há transmissão de pessoa para pessoa.

Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, duas espécies da Rickettsia estão associadas a quadros de febre maculosa: rickettsii, considerada a doença grave, registrada no norte do estado do Paraná e nos estados da Região Sudeste; e a parkeri, que tem sido registrada em ambientes de Mata Atlântica (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Ceará), ligada a quadros clínicos menos graves.

QUAIS OS SINTOMAS?

Os sintomas são, de início, súbitos: febre alta, dor no corpo, na cabeça, prostração, perda do apetite, náuseas, vômitos e aparecimento de manchas avermelhadas principalmente nas mãos e nos pés, do segundo ao quinto dia, que podem evoluir para petéquias (pequenos pontos avermelhados na pele que lembram picada de mosquito) e equimose (manchas roxas). A doença tem formas leves e graves, incluindo a hemorrágica, com evolução para morte. A taxa de letalidade pode ser superior a 50%.

TRATAMENTO

São administrados antibióticos -Tetraciclina e cloranfenicol- que evitam a proliferação de bactérias, contendo o agravamento da doença. A uso da medicação já deve ser feito mesmo antes da confirmação do resultado.

EM QUANTO TEMPO O QUADRO DO PACIENTE EVOLUI PARA A MORTE?

O indivíduo pode evoluir para morte entre o 5º e o 15º dia após o início dos sintomas. Dependerá da agilidade no diagnóstico e início do tratamento. A febre maculosa é de difícil diagnóstico por apresentar sintomas inespecíficos e que se confundem com outras doenças, como leptospirose, zika, dengue e meningite, entre outras.

QUALQUER CARRAPATO PODE TRANSMITIR A FEBRE MACULOSA?

Os principais carrapatos que transmitem a febre maculosa no Brasil são três: Amblyomma cajennense, Amblyomma cooperi (dubitatum) e Amblyomma aureolatum (carrapato amarelo do cão).

No interior de São Paulo, a febre maculosa está associada ao carrapato-estrela que, em geral, ocorre em áreas de mata silvestre e beira de rios. Em geral, homens adultos são mais acometidos, por trabalharem nessas regiões. As ninfas (formas imaturas do carrapato) são os principais estágios evolutivos envolvidos na transmissão e predominam nos meses mais frios.

COMO EVITAR A PICADA DO CARRAPATO?

Quem circula por áreas endêmicas deve usar botas, calças e blusas com manga comprida, cobrindo todo o corpo. É importante evitar locais com mato alto.

HÁ RISCO DE INFECÇÃO EM ÁREAS URBANAS?

Sim. O Amblyomma aureolatum encontrado nos cães estão envolvidos na transmissão da doença nas regiões metropolitanas, principalmente nas cidades do Sudeste e Sul do país, onde ocorre o maior número de casos.

QUAIS AS ÁREAS ENDÊMICAS EM SÃO PAULO?

Jundiaí, Campinas e Piracicaba, em especial.

Fontes: Tania Chaves, infectologista, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará, e Marcelo Simão, infectologista, professor da Universidade Federal de Uberlândia (MG). Os dois são consultores da Sociedade Brasileira de Infectologia.

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