Desembargador é acusado de escravizar mulher surda e muda

Corregedor Luís Felipe Salomão abriu reclamação disciplinar no CNJ contra Jorge Luiz de Borba.

Jorge Luiz de Borba Foto: Reprodução / Youtube / Justiça Legal

O corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Luís Felipe Salomão, abriu uma reclamação disciplinar para apurar a conduta do desembargador Jorge Luiz de Borba, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC). Ele é investigado sob suspeita de manter uma mulher com deficiência em regime análogo ao escravo.

O Estadão apurou que o procedimento vai correr em sigilo para preservar a identidade da mulher.

A Polícia Federal tomou o depoimento da funcionária na última terça-feira (6), quando também fez buscas na casa do desembargador. A mulher é surda e muda e, segundo o Ministério Público do Trabalho, não recebia salário. Borba ganha cerca de R$ 37,5 mil por mês.

Luís Felipe Salomão, que abriu a apuração contra Borba Foto: Roberto Jayme/Ascom/TSE

Testemunhas ouvidas na investigação relataram que a mulher era vítima de maus tratos e submetida a jornadas exaustivas e condições degradantes.

Jorge Luiz de Borba é desembargador há 15 anos. Antes de entrar para a magistratura, foi advogado por quase 30 anos e presidente da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Blumenau.

Com a repercussão da operação, ele divulgou uma nota em que afirma que a mulher era como “membro da família”. O desembargador disse ainda que seus propósitos eram “humanitários”.

– Aquilo que se cogita, infundadamente, como sendo suspeita de trabalho análogo à escravidão, na verdade, expressa um ato de amor – diz o comunicado.

A assessoria do desembargador enviou nesta sexta-feira (9), uma nova nota. Ele nega veementemente qualquer irregularidade e afirma que foi surpreendido com a operação da Polícia Federal.

– Todos os esclarecimentos estão e continuarão sendo prestados à exaustão para evidenciar que a denúncia apresentada não condiz com a verdade – afirma.

COM A PALAVRA, O DESEMBARGADOR
“O desembargador catarinense Jorge Luiz Borba nega veementemente qualquer acusação de trabalho análogo à escravidão em sua residência, assim como de maus tratos ou condições insalubres, conforme investigação em andamento. Todos os esclarecimentos estão e continuarão sendo prestados à exaustão para evidenciar que a denúncia apresentada não condiz com a verdade.

A família Borba, desde o primeiro momento que foi surpreendida com a diligência da Polícia Federal no último dia 6, tem como principal foco de preocupação o bem estar físico e emocional de S. [nome da mulher foi suprimido para evitar exposição], que possui deficiências de cognição, fala e audição. Acreditando que a verdade prevalecerá e tudo será esclarecido, reitera sua total disposição em colaborar com a Justiça.”

*AE

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