Moro: “Appio é desequilibrado e meteu os pés pelas mãos”

Senador também classificou Eduardo Appio como “revanchista”.

Moro e Appio Foto: EFE/André Borges; Foto: Divulgação JFPR

O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) disse, nesta terça-feira (21), que o juiz Eduardo Appio, seu sucessor na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, é “desequilibrado” e “revanchista”.

As críticas foram feitas em entrevista à GloboNews. Eduardo Appio foi afastado temporariamente do cargo, enquanto o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) apura se é dele a voz registrada em uma ligação anônima ao filho do desembargador Marcelo Malucelli.

– Eu fui juiz por 22 anos. Nunca ouvi uma história dessa. É algo que mostra, além do comprometimento, da parcialidade do juiz, um certo nível de desequilíbrio – disse Moro ao canal.

O filho do desembargador é o advogado João Malucelli, sócio do escritório de advocacia da família Moro e namorado da filha do senador.

Marcelo Malucelli havia derrubado uma decisão do juiz e, após o embate com Eduardo Appio, se declarou suspeito para participar de julgamentos da Lava Jato.

Moro afirmou que ajudou a denunciar o telefonema ao TRF-4.

– Fiquei perplexo. Recolhi o material, entregamos ao tribunal e, depois disso, me distanciei – relatou.

Moro afirmou que o sucessor não tem “condições psicológicas” para voltar ao cargo.

– Como vai deixar um juiz desequilibrado emocionalmente conduzir os trabalhos da jurisdição? – questionou.

O senador classificou a ligação como “esdrúxula” e chamou o episódio de “estarrecedor” e “grave escândalo”. Disse ainda que Eduardo Appio “meteu os pés pelas mãos” e abusou do poder.

– Não pode um juiz ligar para ninguém e ameaçar ou fingir que é uma terceira pessoa. A gente vai passar pano nisso, porque o filho do desembargador tem alguma relação comigo? – seguiu Moro.

Desde que assumiu o cargo, em fevereiro, Eduardo Appio deu novo ritmo aos processos remanescentes da Lava Jato, reviu decisões e reacendeu as denúncias de corrupção lançadas contra a operação pelo advogado Rodrigo Tacla Duran, ex-operador de propinas da Odebrecht.

– Toda essa história é uma patifaria – rebateu Moro.

*AE

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