BRF tem prejuízo líquido de R$ 1,024 bilhão no 1º trimestre

Principal razão foi o desempenho operacional no segmento internacional.

BRF tem prejuízo líquido de R$ 1,024 bilhão no 1º trimestre, ante R$ 1,546 bilhão há 1 ano Foto: Reprodução/Print de vídeo YouTube BRF Global

A BRF fechou o primeiro trimestre de 2023 com prejuízo líquido de R$ 1,024 bilhão no primeiro trimestre de 2023, menor do que o prejuízo líquido de R$ 1,546 bilhão de igual período de 2022. A receita líquida consolidada somou R$ 13,178 bilhões nos três primeiros meses de 2023, 9,4% superior à receita de R$ 12,041 bilhões contabilizada no intervalo correspondente de 2022.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado no período atingiu R$ 607 milhões com margem de 4,6%, acima do Ebitda ajustado de R$ 152 milhões e margem de 1,3% de 1 ano atrás.

A principal razão do prejuízo apurado no primeiro trimestre do ano foi o desempenho operacional no segmento internacional, de onde vem aproximadamente 45% da receita da companhia. A BRF registrou no período, para o segmento, Ebitda ajustado negativo de R$ 106 milhões e margem Ebitda negativa de 1,7%.

No primeiro trimestre de 2022, a BRF havia registrado Ebitda ajustado de R$ 426 milhões no segmento, com margem Ebitda ajustado de 7,7%.

– Historicamente, o segmento internacional traz uma margem de duplo dígito para a empresa. Então, ele tem influência direta no prejuízo líquido – disse o CFO da empresa, Fabio Mariano.

A receita operacional líquida com o mercado internacional chegou a R$ 6,143 bilhões, incremento de 11,8% ante os R$ 5,497 bilhões apurados no primeiro trimestre de 2022, refletindo o recorde de exportações registrado em março e o crescimento da receita em produtos de valor agregado no mercado Halal, conforme release de resultados.

– A margem [do segmento internacional] foi bastante impactada pela persistente sobreoferta de frango que hoje ocorre no mundo inteiro, nos principais destinos de exportação. Mas os preços de exportação já mostram reação expressiva no início do segundo trimestre, o que deve ajudar [a elevar] as margens do segmento, principalmente quando combinado o cenário bem positivo de grãos, a materialização da retração dos custos, principalmente do milho e farelo de soja – acrescentou Mariano.

Ainda sobre o segmento internacional, a empresa informou que manteve liderança nos países do Golfo, com mais de 50% de participação nas exportações à região, e que avançou em diversificação de mercados no primeiro trimestre, com novas habilitações para exportações a países como China, Malásia, Chile, México, Peru e outros.

A empresa também reportou que atingiu 25,9% de participação em vendas de produtos de valor agregado na região do Golfo e na Turquia, onde aumentou a oferta com a inauguração da nova linha de processados em Bandirma.

No mercado brasileiro, a BRF contabilizou Ebitda ajustado de R$ 513 milhões no primeiro trimestre de 2023 e margem Ebitda de ajustado de 8%, ante Ebitda ajustado negativo de R$ 377 milhões em igual intervalo do ano passado e margem Ebitda ajustado negativa de 6,4%. A receita líquida operacional totalizou R$ 6,418 milhões, avanço de 9,1% ante igual intervalo de 2022.

– A estratégia de preços, em conjunto com uma gestão disciplinada dos nossos estoques, vem possibilitando a recuperação da rentabilidade mesmo frente a um cenário desafiador. Adicionamos 10 mil clientes movimentados à nossa base e aumentamos a quantidade de itens vendidos por cliente – diz o CEO da companhia, Miguel Gularte.

A declaração consta em um release de resultados enviado à imprensa. A BRF manteve a liderança do mercado com 40% de participação, considerando produtos processados e margarinas.

A companhia destaca no release de resultados uma captura de R$ 418 milhões em ganhos de eficiência, que devem se refletir nos balanços dos próximos trimestres, tendo em vista que R$ 210 milhões dizem respeito a ganhos de eficiência ao longo do processo produtivo no campo, com redução de taxas de mortalidade e ganhos de conversão alimentar.

Em produtividade na indústria, a captura de eficiência foi de R$ 86 milhões; com logística (redução de gastos com armazenagem e diárias), outros R$ 34 milhões; redução de ociosidade e perdas, R$ 88 milhões.

A BRF também reporta geração de caixa operacional de R$ 872 milhões, redução do ciclo financeiro para 7,6 dias e dos estoques para 88 dias. A alavancagem líquida (relação entre a dívida líquida e o Ebitda ajustado nos últimos 12 meses encerrados no primeiro trimestre) passou de 2,76 vezes no primeiro trimestre de 2022 para 3,35 vezes nos três primeiros meses de 2023. A dívida líquida aumentou 21,5% na comparação entre os trimestres, chegando a R$ 15,295 bilhões no primeiro trimestre de 2023.

GRIPE AVIÁRIA
Miguel Gularte disse em coletiva de imprensa que a companhia vem se preparando para “qualquer tipo de cenário” relacionado à gripe aviária, inclusive o atual.

Na tarde desta segunda-feira (15), o Ministério da Agricultura confirmou o primeiro caso de influenza aviária H5N1 no Brasil, em duas aves silvestres no litoral do Espírito Santo. O fato não afeta a condição do Brasil de país livre de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP), de acordo com a pasta.

– É bom lembrar que não só o Brasil é muito bom no aspecto higiênico e sanitário, no que diz respeito à influenza aviária, e que o Ministério da Agricultura tem planos de contingência e simulações, como também que a BRF é uma empresa com diversidade geográfica muito grande de plantas e de destinos comerciais. Tem também uma posição muito forte em processados e vendas no mercado interno, com marcas líderes. A melhor alternativa é ter várias alternativas – afirmou Gularte.

Ele também citou o artigo 10.4.1 Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), considerado pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) em nota divulgada, na tarde desta segunda, na qual a entidade diz não esperar mudanças no fluxo de comércio internacional de produtos brasileiros.

O executivo reforçou que o artigo determina que, em caso de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) verificada em animais que não sejam de produção industrial, não deve haver consequências nos fluxos de exportações ou outras restrições de ordem sanitária.

– Isso é o que prevê o artigo 10.4.1. Além disso, o Brasil é muito robusto em todo o seu arcabouço higiênico, sanitário e veterinário, o que tem dado excelentes resultados; mesmo com a expressividade da avicultura brasileira, estamos restritos até o momento a dois casos isolados em aves silvestres. O que esperamos é que isso que o Ministério da Agricultura escreveu e a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) comunicou seja o cenário dos próximos dias e que estaremos enfrentando nos próximos tempos – afirmou.

*AE

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