Após críticas, Lula muda o tom sobre a guerra na Ucrânia

Presidente disse nesta terça-feira que “condena” a violação territorial da Ucrânia.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva Foto: PR/Ricardo Stuckert

Ainda sem citar nominalmente a Rússia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (18) que o Brasil “condena” a violação territorial da Ucrânia. Lula sofreu forte pressão e cobrança internacional, nos Estados Unidos e na Europa, para que se posicione explicitamente sobre a guerra e aumente o tom contra Moscou.

– Ao mesmo tempo em que meu governo condena a violação da integridade territorial da Ucrânia, defendemos uma solução política negociada para o conflito – afirmou Lula.

A declaração foi dada por Lula durante um almoço no Itamaraty com o presidente da Romênia, Klaus Iohannis, país vizinho à Ucrânia que sofre diretamente as consequências humanitárias e econômicas da guerra de agressão unilateral, deflagrada em 24 de fevereiro de 2022 por Vladimir Putin.

A fronteira entre os países no Leste Europeu tem cerca de 600 quilômetros. Até mesmo cidadãos brasileiros que viviam na Ucrânia escaparam da guerra por meio de gestões consulares e diplomáticas com auxílio da Romênia.

Nesta terça, Lula mudou o tom e falou de forma mais protocolar, lendo um discurso previamente escrito. O texto foi elaborado pela assessoria de Lula no Palácio do Planalto, diante da sensibilidade do momento. O presidente percebeu a ampla reação negativa no exterior.

Um embaixador ouvido pela reportagem disse que Lula “voltou ao eixo” da posição manifestada por seu próprio governo no diálogo internacional. O Brasil condenou a violação territorial na Ucrânia, se opôs a sanções contra Moscou e propôs a montagem de uma comissão negociadora, popularmente chamada de “clube da paz”.

Lula se disse preocupado com as consequências globais do enfrentamento, como a escassez energética e de alimentos. Ele afirmou ser urgente criar um grupo de países que levem à mesa Rússia e Ucrânia para selar a paz, mas não deu tanta ênfase à proposta como antes. Foi o último tópico de seu discurso.

Nos últimos dias, as declarações de Lula em entrevistas foram duramente criticadas por democracias ocidentais, durante sua passagem pela China e pelos Emirados Árabes. O presidente apontou uma ideia de equivalência de responsabilidades sobre a guerra entre Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin e o que considera ser um incentivo à continuidade do enfrentamento militar.

A União Europeia e os Estados Unidos reagiram e disseram que Lula repetia propaganda favorável aos russos e fragilizara sua condição de mediador ao adotar um discurso que tem lado. O governo Joe Biden espera explicações do Itamaraty e do Palácio do Planalto. Sobretudo depois de Lula receber com distinção em Brasília o chanceler russo, Sergei Lavrov.

*AE

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