Navio militar americano atravessa estreito de Taiwan e irrita China
O destroyer USS Milius, com mísseis teleguiados, “fez um trânsito de rotina pelo estreito de Taiwan” no domingo, informou a Marinha americana
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Dois navios militares americanos atravessaram o estreito de Taiwan neste domingo (16), em uma operação vista pela China como provocação –a tensão entre os dois países aumentou desde que a então presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos Nancy Pelosi viajou à ilha que a potência asiática considera uma província rebelde.
O destroyer USS Milius, com mísseis teleguiados, “fez um trânsito de rotina pelo estreito de Taiwan” no domingo, informou a Marinha americana em nota, e passou “por águas onde são aplicadas a liberdade de navegação e sobrevoo de acordo com o direito internacional”. A rota é crucial para o comércio marítimo mundial.
“A passagem dos navios pelo estreito de Taiwan demonstra o comprometimento dos EUA com um Indo-Pacífico livre e aberto”, afirma o comunicado. “O Exército dos EUA voa, navega e opera em qualquer lugar que a lei internacional permita.” Em resposta, a China afirmou que rastreou o navio de guerra americano e acusou Washington de “exagerar publicamente” a passagem.
O porta-voz militar da China, Shi Yi, declarou em nota que as tropas chinesas “permanecem em nível de alerta elevado e defendem com determinação a soberania e a segurança nacionais, assim como a paz e a estabilidade regionais”.
Já o G7, grupo dos sete países com as maiores economias mundiais, não apoiará esforços para mudar o status do estreito, segundo um alto funcionário do Departamento de Estado dos EUA. Os ministros das Relações Exteriores do grupo, que estão na cidade japonesa de Karuizawa, discutiram a situação da China e da Coreia do Norte durante suas reuniões, disse a autoridade.
No final das manobras, o USS Milius navegou por águas reivindicadas por Pequim no Mar da China –o país asiático chamou a operação de invasão ilegal, por ter sido realizada “sem a aprovação do governo chinês”. O episódio é mais um capítulo da escalada de tensão que a região protagoniza nos últimos meses.
No dia 8 de abril, a China iniciou três dias de exercícios militares ao redor de Taiwan, com simulações de ataques e de um bloqueio do território da ilha –uma resposta ao encontro entre a presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, e o presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Kevin McCarthy. Os testes militares terminaram na segunda-feira passada (10) e mobilizaram navios de guerra, lançadores de mísseis e caças.
No último dia das manobras, o Ministério da Defesa taiwanês afirmou que 54 aviões chineses atravessaram a zona de defesa aérea da ilha, o número mais elevado em apenas um dia desde outubro de 2021. Após o fim dos exercícios, navios e aviões de guerra chineses permaneceram ao redor de Taiwan–nesta segunda, o governo da ilha detectou quatro navios e 18 aviões de guerra em sua zona de defesa.
A região não deve ter trégua tão cedo. Também nesta segunda, a Coreia do Sul, os EUA e o Japão realizarão exercícios conjuntos de mísseis navais –uma resposta às crescentes ameaças da Coreia do Norte, afirmou a Marinha de Seul. Na última semana, os três países decidiram realizar exercícios regulares de defesa para aumentar a cooperação diplomática e militar.
Os testes desta segunda serão realizados em águas internacionais entre a Coreia e o Japão. Os três países vão simular um cenário de provocação norte-coreana, disse a Marinha sul-coreana.
“É uma oportunidade para fortalecer a cooperação de segurança trilateral contra as crescentes ameaças nucleares e de mísseis da Coreia do Norte, além de solidificar a capacidade e a postura de nossa Marinha para responder a mísseis balísticos”, disse o capitão Kim Ki-young em comunicado.
Nas últimas semanas, a Coreia do Norte intensificou suas atividades militares. O último teste foi na sexta-feira (14), quando o país lançou um míssil balístico intercontinental de combustível sólido que, segundo especialistas, facilitaria o lançamento de projéteis com pouco aviso.
Pyongyang ameaçou uma ação “mais prática e ofensiva” e chamou os exercícios anuais realizados pela Coreia do Sul e pelos EUA de ensaio para uma guerra nuclear.